Um projeto voltado a 120 pequenos suinocultores de 17 municípios da região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, pretende incentivar o aproveitamento das fezes de porcos para a geração de energia. A iniciativa consiste em um curso que ensina como produzir e coletar o biogás, que é formado a partir da decomposição dos dejetos e pode ser usado como combustível nos geradores. Durante o treinamento, os participantes terão assessoria para elaborar um plano de negócio. Com isso, além de poder faturar com a venda de eletricidade e de créditos de carbono, os produtores vão deixar de poluir o Aqüífero Guarani — a maior reserva de água doce subterrânea do mundo.
A iniciativa foi uma das selecionadas para receber financiamento do GAPFund — Fundo para Programas de Ação do GVEP (Parceria Global em Energia Comunitária), criado por parceiros como PNUD e Banco Mundial. O projeto, que aguarda a liberação dos recursos para começar, foi elaborado pela Gente do Brasil, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos.
Os treinamentos, de acordo com o plano apresentado ao GVEP, serão realizados em três lugares diferentes, em turmas de 40 alunos, para atender os produtores dos 17 municípios. O curso, que terá duração de seis meses (cerca de 40 horas/aula), abordará a verificação de viabilidade da produção de energia, a preparação de um plano de negócio, orientações sobre cuidados ambientais e assessoria administrativa. A idéia é que os suinocultores elaborem um projeto viável, com custos reduzidos e garantia de acesso ao crédito necessário à implantação de todo aparato de produção, segundo Simoni Lara, vice-presidente da Gente do Brasil.
Para a produção do biogás, os suinocultores precisam construir biodigestores — poços para onde são drenadas as fezes dos animais após a lavagem do curral. Nesse tanque, os dejetos dissolvidos na água são decompostos por bactérias durante semanas. Esse processo gera o biogás, que é canalizado, e o biofertilizante, que é a parte sólida restante e pode ser usada para adubar plantações. Como os biodigestores são revestidos, diminuem os riscos de haver infiltração dos resíduos nos lençóis freáticos do Aqüífero Guarani.
A expectativa é de que a energia gerada pelos suinocultores seja suficiente para atender o consumo da propriedade e ainda sobre para alimentar as redes de transmissão da região. “A idéia é fazer uma parceria com a Eletrosul para que eles recebam pela energia produzida”, ressalta Simoni. Além disso, segundo ela, será calculado quanto de gás metano deixou de ser lançado na atmosfera, para que o benefício seja convertido em créditos de carbono para os produtores.
Os municípios sul-matogrossenses que serão atendidos pelo projeto são Amambaí, Caarapó, Campo Grande, Deodápolis, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dorados, Itaporã, Ivinhema, Jateí, Juti, Laguna Carapã, Maracaju, Naviraí, Nova Alvorada do Sul e Vicentina.
Informações de PrimaPágina/
PNUD Brasil, 22/05.