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2001-10-03
Em outubro de 1998, o furacão Mitch, um dos cinco mais poderosos do Caribe no século vinte, atingiu a América Central e causou prejuízos equivalentes a 13,3% do PIB da região. Chuvas ininterruptas, deslizamentos de terra e lama arrasaram plantações, mataram animais e derrubaram construções, causando a morte de mais de 10.000 pessoas e desabrigando outras 3 milhões. Os danos ao meio ambiente foram incalculáveis. Todas as áreas afetadas se caracterizavam pela combinação de agricultura em larga escala e pecuária para exportação, rodeadas por centenas de famílias rurais com agricultura de subsistência em terras ecologicamente frágeis. A maioria dos técnicos que esteve na área concordou que a magnitude do desastre foi corroborada pelas décadas de práticas agrícolas insustentáveis e por outras formas de degradação ambiental. Enquanto os primeiros dados com relação aos prejuízos agrícolas indicavam simplesmente que os danos ambientais eram massivos, observou-se, por outro lado, que as propriedades manejadas com práticas sustentáveis haviam sofrido danos menores que as convencionais. Estas propriedades pertencem a pequenos agricultores que fazem parte do movimento centro-americano Campesino a Campesino. Estes agricultores desenvolvem e adaptam uma gama de métodos para a conservação dos solos e água, redução ou eliminação de insumos químicos, cultivo de cobertura, práticas agroflorestais, uso de fertilizantes e defensivos orgânicos e manejo integrado de pragas. A presença do Campesino a Campesino, que compreende agricultores e técnicos, permitiu que em 1999 fosse realizado um estudo comparando os impactos do furacão em sistemas agrícolas sobre diferentes regimes de manejo. Foram mobilizadas cem equipes de técnicos-agricultores e 1.734 agricultores. A pesquisa foi feita em 360 comunidades agrícolas de Honduras, Nicarágua e Guatemala (os três países mais afetados). A partir dos indicadores analisados, pode-se confirmar a hipótese de que os sistemas manejados de forma sustentável apresentam maior resistência que os convencionais. Em relação aos sistemas convencionais, os sistemas agroecológicos apresentaram de 20 a 40% mais solo superficial; maior teor de umidade no solo; menores sinais de erosão; e menores perdas econômicas. Na Nicarágua, por exemplo, houve colheita apesar do Mitch. Além disso, um ano após o estudo, a maior parte das organizações que haviam participado do estudo informou que houve uma adoção generalizada de práticas agroecológicas por parte dos agricultores convencionais. Os resultados colhidos foram divulgados para o governo, instituições de ajuda, desenvolvimento e pesquisa. Apesar desses esforços, poucos foram os avanços políticos alcançados nesses países em favor da promoção da agricultura sustentável. (Eric Holt-Giménez. Midiendo la resitencia agroecológica contra el huracán Mitch. Boletín ILEIA)

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