Programa de aproveitamento de chuva será ampliado para 320 comunidades do Alto Solimões
2006-05-25
Os ribeirinhos do Amazonas, apesar de morarem à beira dos rios e igarapés que compõem a maior bacia hidrográfica do mundo, sofrem com a falta de água apropriada para higiene pessoal e para consumo.
Na tentativa de melhorar a situação, o Programa Estadual de Aproveitamento da Água da Chuva (ProChuva) deve ser ampliado para pelo menos 320 comunidades da mesorregião do Alto Solimões (na fronteira com o Peru e a Colômbia). Há três meses, o ProChuva funciona de forma piloto em uma reserva de desenvolvimento sustentável de Manacapuru (AM),
"Faz parte da cultura das populações ribeirinhas coletar água de chuva. Ela é considerada pelos moradores como uma água boa, mas que apodrece rápido", contou o secretário-adjunto de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Amazonas, Neliton Marques, em entrevista ao programa Ponto de Encontro , da Rádio Nacional (Amazônia) .
De acordo com ele, o "apodrecimento" ocorre porque a água é coletada de maneira rudimentar, junto com restos de folhas, fezes de passarinhos e insetos mortos que caem nos telhados. "No nosso sistema, a água corre por tubos de PVC colocados no alto das casas e passa por um sifão, onde as impurezas ficam depositadas", explicou Marques. "Essa água pode ser ingerida, desde que a pessoa ferva ou coloque hipoclorito de sódio ( para cada litro de água, uma gota da substância, que é distribuída nos postos de saúde."
A chamada "escassez de qualidade na quantidade" piora durante a seca (o verão amazônico, que vai de agosto a novembro). Nessa época, a população diz que o peixe está `diaiú´, abrindo e fechando a boca porque há pouco oxigênio na água. Na seca, o banho no rio pode provocar problemas dermatológicos, como coceiras e vermelhidão na pele, além de diarréias.
O ProChuva já beneficia 64 famílias e é desenvolvido na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piranha, em Manacapuru. O Ministério da Integração Nacional aprovou um projeto no valor de R$ 5 milhões para construir 6,4 mil cisternas em 320 comunidades do Alto Solimões.
Além disso, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) analisa uma proposta de parceria com o governo estadual, para ampliar as ações para todo o Amazonas – com investimentos previstos de R$ 10 milhões. Hoje, o programa atua prioritariamente dentro de unidades de conservação, em comunidades com mais de 20 casas, que não tenham poço artesiano.
"A gente implanta cisternas individuais e comunitárias, com capacidade para 15 mil litros de água", contou Marques. "Aqui as cisternas não precisam ser grandes como no Semi-Árido, porque chove o ano inteiro. Nos meses de seca, costuma chover 50 milímetros, o que dá 50 litros por metro quadrado."
Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 24/05/06.
http://www.radiobras.gov.br/materia_i_2004.php?materia=265632&q=1&editoria=