Hidrovias e hidrelétricas colocam em risco ciclo do Pantanal
2006-05-25
As funções ambientais da maior planície alagada do planeta, o Pantanal Mato-grossense, correm risco de sofrer uma modificação em seu ciclo natural com a exploração das hidrovias e a construção de hidrelétricas. Foi o que afirmou a doutora Carolina Joana da Silva, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) de Cáceres, na Conferência 41 do 8° Congresso e Exposição Internacional sobre Florestas, o Forest 2006, no auditório dos Minerais, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. A temática tratou dosdesafios sócio-ambientais para o Pantanal no Século XXI.
“Nossa intenção é deixar bem claro que tipos de bens e serviços o Pantanal Mato-grossense pode oferecer para suprir as necessidades humanas e, ao mesmo tempo, mostrar que a preocupação maior deve ser com a manutenção do nível das águas, procurando não permitir que haja grande intervenção no ciclo normal das cheias e baixios das águas pantaneiras”, explica a conferencista.
A professora afirma que as funções ambientais estão sendo ameaçadas ante a possibilidade de mudanças bruscas e reafirma que a água é a questão fundamental para manutenção do ciclo de vida do Pantanal. “O maior desafio dos governos e da própria população é encontrar um meio de manter as funções naturais dos rios e seus afluentes para a preservação da dinâmica das águas, para isso, é necessário um planejamento ambiental que respeite as características regionais de cada um dos afluentes do Pantanal”.
Carolina Joana da Silva entende que o Decreto que cria o Programa de Gestão do Pantanal e o Prêmio de Produção Científica “Gente Pantaneira” como forma de defender o ecossistema, assinado ontem pelo governador Blairo Maggi e pelo secretário de Estado do Meio Ambiente, Marcos Machado na solenidade de abertura do Forest 2006, pode manter essas funções necessárias para o Pantanal.
“A política, se bem implementada, é uma garantia de manutenção do ecossistema em sua originalidade, porém, não basta apenas o Estado tomar essa iniciativa, a população tem de participar ativamente desse processo” - afirma a doutora.
24 Horas News-MT, 23/05/06.
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