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2006-05-24
Qual o futuro da Floresta Amazônica? Desmatamento, queimadas, grilagem... as notícias que costumam circular nem sempre permitem uma visão otimista. Mas o que está sendo feito para que este quadro seja revertido, garantindo a preservação de uma dos maiores patrimônios brasileiros, e talvez, do mundo?

Apesar da intensificação de esforços de governos e entidades ambientalistas, ainda há muito a ser feito para que a floresta continue existindo. Nos dias 10 e 11 passados, especialistas se reuniram em Brasília para o seminário “Amazônia e a Nova Economia Global: Como gerir o desmatamento em uma nova era?”, debate proposto pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - Ipam -, de Belém do Pará, e o Centro de Pesquisas Woods Hole. Segundo a assessoria de imprensa do evento, as informações serão condensadas e enviadas aos governos e outras instituições para tentar evitar a destruição da Amazônia.

Diversas sugestões foram apontadas pelos grupos de trabalho envolvidos, como a estruturação do sistema de gestão florestal, a identificação de potencialidades produtivas sustentáveis assim como a promoção de processos de indução produtiva local compartilhada com governos municipais, dimensionamento do impacto das atividades produtivas e promoção de formação técnica da área florestal. Novas oportunidades de negócios, como o mercado de carbono, também fizeram parte da pauta das discussões.

Segundo o biólogo pesquisador do Ipam, Paulo Moutinho, o Protocolo de Kyoto somente contempla o seqüestro de carbono feito pelo plantio de florestas em áreas onde não havia floresta antes de 1989, não levando em consideração o seqüestro feito por árvores nativas. Ele lembra que o Protocolo também não considera a reduções das emissões de gases de efeito estufa por redução do desmatamento tropical. “A derrubada das florestas tropicais contribui hoje com 20% das emissões globais destes gases”, disse a AmbienteBrasil.

Para ele, apesar do país se mostrar um grande defensor de Kyoto, ainda é muito conservador na busca e proposição de mecanismos que incluam a conservação de florestas tropicais e a redução do desmatamento - “como ações válidas no âmbito do Protocolo de Kyoto ou através do mercado de global de carbono”, defende.

O país tem um grande potencial no mercado de carbono na avaliação de Moutinho. “Contudo, o Brasil poderia se beneficiar muito mais ainda se houvesse um mecanismo que remunerasse os esforços dos países em desenvolvimento na redução de seus desmatamentos”, diz, destacando que um mecanismo assim começa agora ser discutido no âmbito da Convenção da ONU sobre mudança climática. “O Brasil ainda vê um mecanismo como este com reservas, mas mostra-se aberto às discussões”, coloca.

A valorização da floresta em pé, inclusive monetária, é o caminho para possibilitar a conservação e o uso de grandes extensões da floresta amazônica de modo sustentável. Esta valorização, de acordo com ele, passa pelo mercado de serviços ambientais - como o de carbono - e também pela regulação das atividades produtivas na região, além de aumentar o uso das áreas já desmatadas e dar alternativas de produção sustentável para aqueles que cultivam a terra.

O cenário para o futuro da Amazônia pode ser muito melhor, de acordo com Moutinho, desde que o Estado brasileiro se mantenha cada vez mais presente na região e que políticas voltadas para o setor agrícola, florestal e ambiental sejam integradas buscando a valorização da floresta. “Caso contrário, em 2050 mais de 40% da mata terá desaparecido, trazendo conseqüências graves para o regime de chuvas na região e fora dela”, adverte.
Por Danielle Jordan, AmbienteBrasil, 22/05/06.
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