A peça está pronta e o pedido de patente será formalizado nos próximos dias. Trata-se de uma nova dobradiça para quebra-sol de veículos, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que usa, além do tradicional termoplástico, fibras vegetais no lugar da fibra de vidro que costuma reforçar o plástico.
“O material vegetal tem uma série de vantagens, até de ordem social, além de custar bem menos”, explica Marco-Aurelio De Paoli, coordenador do Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem do Instituto de Química da Unicamp. Ao lado do menor custo, a fibra vegetal é produzida em comunidades tradicionais amazônicas.
A fibra natural usada no projeto, feito em parceria com a GE South America, uma das grandes empresas no mundo na fabricação de termoplásticos, é da planta curauá (Ananas erectifolius), do grupo das bromeliáceas. “Há produção em larga escala dessa fibra principalmente no estado do Pará”, conta De Paoli.
A nova dobradiça tem 20% de seu peso em fibras naturais, que apresenta, do ponto de vista químico, total interação com o termoplástico. “As propriedades mecânicas obtidas com a peça são as mesmas da fibra de vidro”, diz o pesquisador paulista. O custo e o desempenho do produto também agradaram ao setor privado.
Além do uso de matéria-prima produzida por fotossíntese para obtenção de termoplásticos reforçados, o Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem atua em outras linhas de pesquisas que buscam promover o uso da energia solar de forma ambientalmente correta.
Um dos caminhos é desenvolver células solares sensibilizadas por corantes para gerar eletricidade, trabalho atualmente sob responsabilidade da professora Ana Flávia Nogueira. Outro é a degradação de lixo plástico a partir de reações fotoquímicos induzidas por óxido de titânio. “De todos os resíduos sólidos descartados hoje nos centros urbanos brasileiros, 70% são jogados a céu aberto”, lembra De Paoli.
Por Eduardo Geraque,
Agência FAPESP, 24/05/2006