Petrobras quer indenização para sair da Bolívia
2006-05-24
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, segunda-feira (22) após reuniões com o chanceler boliviano, Davids Choquehuanca, e o presidente Evo Morales, que o Brasil não aceitará a saída da Petrobras do país sem o pagamento da devida indenização. Deixou claro, também, que o governo brasileiro ainda não superou o mal-estar provocado pelo modo como foi anunciada a nacionalização do gás e do petróleo na Bolívia e pela ocupação militar das refinarias estrangeiras. "" O presidente Morales sabe o que pensamos e a sensibilidade desse assunto para o Brasil."
Amorim enfatizou que não será o governo brasileiro quem tomará as rédeas das negociações sobre os preços do gás e o destino da Petrobras na Bolívia, já que o problema é de ordem empresarial e depende da viabilidade dos negócios no novo cenário no país. Destacou, porém, que o preço final terá de ser viável para os consumidores brasileiros e outras alternativas de abastecimento têm sido buscadas pela companhia estatal.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, previu ontem que, dentro de dois anos, o Brasil atingirá a auto-suficiência na produção de gás natural, com acréscimo de 24 milhões de m3 diários na produção, volume praticamente igual ao hoje importado da Bolívia. Afirmou que a empresa possui um programa de investimentos até 2010, com a aplicação de 11 bilhões de dólares anuais. Disse que a estatal vai ampliar os investimentos para produção de gás na Bacia do Espírito Santo e retardar, por dificuldades técnicas, a exploração na Bacia de Santos. Ressaltou que a companhia continua negociando com a Bolívia e trabalha em vários projetos para ampliar a oferta de gás.
Em seu programa semanal de rádio, o presidente Lula confirmou a previsão de Gabrielli e disse que, com a produção de biodiesel e álcool, o país será, no século XXI, a maior potência energética do planeta.
(CP, 23/05/05)