Preocupação com o meio ambiente está presente nas faculdades de jornalismo
2006-05-23
A preocupação com o meio ambiente está presente nas faculdades de jornalismo
Existe a preocupação com o meio ambiente nas faculdades de jornalismo do Rio
Grande do Sul, mas o que falta são iniciativas para se transformar essa
preocupação em atividades práticas. Essa foi a conclusão do painel Formação e
Qualificação do Jornalista Ambiental que ocorreu no final da tarde de sábado
(20/05), durante o I Congresso de Jornalismo Ambiental do Rio Grande do Sul (I
Conjars). O painel, coordenado pela professora da FABICO/UFRGS e diretora do
NEJ/RS, Ilza Maria Tourinho Girardi, contou com a presença dos professores
Beatriz Dornelles, da Faculdade de Comunicação Social (FAMECOS/PUCRS); Edelberto
Behs, coordenador do curso de jornalismo da Unisinos; Ada Cristina Machado
Silveira, chefe do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM); Lisete Ghiggi, do curso de jornalismo do Centro
Universitário IPA e Celestino Perin, do curso de Comunicação Social da UNIJUÍ.
O professor Edelberto Behs lembrou que a visão sistêmica, presente no jornalismo
ambiental, não deveria ficar restrita a uma disciplina, mas estar incluída
dentro de todos os demais setores do jornalismo. “A visão sistêmica”, sustentou
ele, “pode ser uma ferramenta para avançar no propósito de uma política cidadã
que chegue às questões sociais. E o jornalismo cumpre essa função social”. Disse
que é intenção da Faculdade de Jornalismo da Unisinos possibilitar ao aluno que
busque conhecimentos em outros campos, como o ambiental, econômico e político.
“Para isso é necessário”, complementa, “buscar cursos de extensão, envolvendo
parcerias com ONGs, entidades ambientalistas e profissionais”.
Também a professora Beatriz Dornelles, da PUC/RS, enfatizou a importância de se
dar mais atenção ao tema. Ela lembrou que procura contemplar a questão
ambiental nas disciplinas que leciona, entre elas a de educação comunitária,
além dos Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCCs). A PUC/RS possui, desde 1998,
o Instituto do Meio Ambiente, que busca a promoção, através do cuidado ambiental,
de um Desenvolvimento Sustentável.
Reciclagem do lixo
A chefe do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, Ada Cristina Machado
Silveira, falou sobre as experiências desenvolvidas dentro da Universidade na
área ambiental, entre elas, o trabalho de conscientização para a reciclagem do
lixo. E lembrou que há grande identificação entre os alunos e os temas
ambientais. Ao traçar um perfil dos estudantes disse: “uma pesquisa mostrou que
cerca de 60% dos alunos vêm de escolas públicas e de pequenas cidades do
interior e enxergam na comunicação a possibilidade de dar um salto para a vida
cosmopolita da uma grande cidade. Eles têm experiências familiares com
agrotóxicos, suinocultura ou mesmo poluição das águas, o que facilita a
aproximação com o tema ambiental”.
Um dos cursos de jornalismo mais novos do Rio Grande do Sul, o do Instituto
Porto Alegre (IPA), criado há apenas dois anos, tenta, segundo a professora
Lisete Ghiggi, dar uma direção diferenciada dos demais, pois o aluno já tem
cadeiras práticas ao lado das teóricas, desde o primeiro semestre, inclusive com
a edição de um jornal standard. Apostando na realidade da profissão que mostra,
segundo pesquisas, que quase 80% dos profissionais estão atualmente trabalhando
em assessorias de imprensa, o IPA tem priorizado as cadeiras de jornalismo
especializado, como as de agronegocios e meio ambiente, cultural, esportiva,
econômica, política, cinetïfica e internacional.
O professor Celestino Perin, do curso de Comunicação Social da Unijuí, lembrou
que por ser o berço da monocultura no Brasil, pois a soja começou a ser plantada
em grande escala no noroeste do Estado na década de 1950, a região está
diretamente ligada às questões ambientais. Segundo ele, o curso de comunicação
social da Unijuí tenta dar aos alunos uma formação geral e humanista.
Finalmente, a professora do FABICO/UFRGS e diretora do Núcleo de Ecojornalistas
do Rio Grande do Sul (NEJ/RS) lembrou que sua faculdade foi a primeira do Brasil
a instituir a cadeira de jornalismo ambiental. “Não foi fácil convencer nossos
colegas professores de que essa disciplina merecia um espaço maior. A cadeira
foi criada em 2003, mas só foi oficializada no ano seguinte, com o apoio
decisivo do NEJ/RS. A conclusão da professora Ilza Girardi foi a mesma dos
demais integrantes da mesa: “há preocupação e espaço para se trabalhar o tema
ambiental nas universidades”.
(Juarez Tosi, Ecoagência, 20/05/06)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1621&Itemid=2