Avaliar a percepção e a consciência da população brasileira sobre temas ambientais foi o principal objetivo da pesquisa nacional de opinião pública "O que os brasileiros pensam sobre a biodiversidade?", realizada pelo Instituto Vox Populi e coordenada pelo ISER (Instituto de Estudos da Religião), divulgada em Brasília ontem (22/5), o Dia Mundial da Biodiversidade. Em 14 anos de estudos comparativos (iniciados em 1992), o painel de 2006 apresentou um forte crescimento do nível de informação e consciência ambiental, mas, paradoxalmente, a disposição em participar ativamente da solução dos problemas não aumentou na mesma proporção. A pesquisa é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o WWF-Brasil, o Funbio (Fundo Nacional para a Biodiversidade) e a Natura.
A destruição das florestas foi apontada como "muito grave para o Brasil" por 76% dos 2.200 entrevistados (com mais de 16 anos, de áreas urbanas e rurais). Quanto esse percentual é somado aos que avaliaram o problema como "grave", ele sobe para 98%. Desmatamento e queimadas aparecem como o principal problema ambiental do Brasil, com 65% das citações, seguidos de poluição/contaminação de rios, lagos e lagoas, com 43%. Entre os biomas mais ameaçados, surgem Amazônia (38) e Mata Atlântica (18%).
"Os novos resultados mostram que há um aumento gradativo de conscientização da população. E a maior conscientização deverá resultar num maior comprometimento e na compreensão de que os problemas estão inter-relacionados: por exemplo, o desmatamento numa região aparentemente distante pode ter impacto sobre o regime de chuvas nas grandes cidades.", diz Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
Mudanças climáticas, que em 2001 apareciam como "problema que afeta grande parte do mundo" para apenas 23% dos entrevistados, hoje já chegam a 43%. O problema é considerado grave ou muito grave por 76% dos brasileiros.
A pesquisa de 2006 foi focada na biodiversidade, mas apresenta um extenso painel sobre opinião, conhecimento e atitude da população brasileira perante temas correlatos. Sobre o conceito de biodiversidade, ele é conhecido por 43% dos entrevistados. Entre esses, o nível de familiaridade chega a 84% entre pessoas com nível superior.
Curiosamente, apesar de 4 dos 10 principais problemas dos bairros apontados pelos participantes serem ambientais - falta de saneamento, falta de coleta de lixo, falta de tratamento de água e enchentes - eles não são assim identificados.
"Há uma percepção fragmentada: as pessoas associam questões ambientais à proteção de florestas e espécies, sem se dar conta da gravidade de problemas igualmente ambientais com que convivem diariamente", diz Denise Hamú.
Apesar de o desemprego ser uma das principais preocupações dos entrevistados, se pudessem escolher, 77% afirmaram que não estariam dispostos a conviver com mais poluição, mesmo que isso trouxesse mais empregos. Em 2001, o percentual era de 69%.
Além da pesquisa quantitativa, foi realizada uma pesquisa qualitativa com 130 líderes de diversos setores.
(Informações do WWF-Brasil)
Nota do Ambiente Já: Veja mais informações em arquivo "power point" disponibilizado no
site do MMA