Greenpeace faz na Europa novos protestos contra soja na Amazônia
2006-05-23
Após participar da Marcha pela Floresta em Pé, que reuniu no domingo (21/05) cerca de 800 pessoas em Santarém
(PA), a organização não-governamental (ONG) ambientalista Greenpeace fez nesta segunda-feira (22/05) na Europa
novos protestos contra a presença da soja na Amazônia. Em Surrey, na Inglaterra, os ativistas bloquearam com quatro
toneladas de soja a principal entrada da unidade industrial da multinacional Cargill; em Orleans, na França, eles fizeram
perfomances (apresentações teatrais) na empresa Saint Valley, que trabalha com exportação de carne de frango.
"Estamos hoje promovendo ataques globais. A Cargill ligou de Washington (nos Estados Unidos, país sede da
empresa): eles estão recebendo uma pressão pesada dos clientes e querem conversar", revelou à Radiobrás o
coordenador da campanha Amazônia, do Greenpeace, Paulo Adário. Na semana passada, a Cargill enviou à prefeita de
Santarém, Maria do Carmo (PT), uma carta pública na qual se comprometia a comprar soja apenas dos produtores que
cumprissem o Código Florestal (que determina que apenas 20% da área total da propriedade pode ser desmatada na
Amazônia). "Esse comunicado não tem valor legal, é pura questão de marketing", acusou Adário.
O Greenpeace - assim como entidades, redes e movimentos sociais locais, como o Sindicato dos Trabalhadores
Rurais, a FDA - Frente de Defesa da Amazônia e o GTA - Grupo de Trabalho Amazônico - exige a desativação do
terminal graneleiro da Cargill em Santarém. Ele foi construído em 2003, sem estudo de impacto ambiental, graças a
uma liminar concedida pela Justiça. O Ministério Público Federal entrou então com uma Ação Civil Pública e, em
fevereiro deste ano, a Cargill foi condenada a realizar os estudos.
Na última sexta-feira (19/05), o terminal foi bloqueado durante quatro horas pelo navio Arctic Sunrise, do Greenpeace.
Dezesseis ativistas - entre brasileiros e estrangeiros - foram detidos pela Polícia Federal, mas estão soltos. "Eles
responderão pelo crime de desobediência, cuja pena máxima prevista é de dois anos de detenção", explicou a delegada
Luciana Mota. Adário informou ainda que o navio parte hoje para Manaus (AM), onde deve chegar na quarta-feira. No fim
de semana, ele estará aberto à visitação. No escritório da Cargill em Santarém, o atendente informou que a empresa
não está se pronunciando sobre o assunto. A Radiobrás entrou também em contato com a assessoria de imprensa da
multinacional, em São Paulo - mas ainda não obteve resposta.
(Agência Brasil, 22/05/06)
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