(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-05-23
O mexicano Gerardo Cevallos (1958) acrescentou, no dia 10 de maio, à sua lista de prêmios o britânico Whithley, dotado de US$ 55,8 mil, por seu trabalho em favor dos roedores chamados cães de pradaria (Cynomys ludovicianus). Este doutor em mastozoologia, e pesquisador do Instituto de Ecologia de Universidade Nacional do México, espera que o prêmio, um dos mais importantes do mundo para os que trabalham em conservação e recuperação de fauna e flora, o ajude a pressionar as autoridades para que declarem reserva natural uma área de 500 mil hectares no Estado de Chihuahua, onde, desde 1994, busca preservar a vida dos cães de pradaria. Embora lute por isso desde 2001 sem êxito, isso não diminui seu ânimo em proteger estes roedores, que ajudam na existência de outras espécies e combatem a desertificação. O Terramérica conversou com Cevallos na Cidade do México.

Terramérica: O que significa o prêmio Whitley para seu trabalho?
Gerardo Cevallos: É um estímulo para mim e meu grupo de trabalho. A conservação da fauna é uma tarefa titânica, enfrentamos problemas sérios e barreiras dentro dos círculos de poder. Esperamos que este prêmio ajude a desmontá-las e que a declaração de parque nacional no município de Janos (onde vivem cerca de 15 mil pessoas de escassos recursos) aconteça antes de dezembro (quando termina o governo do presidente Vicente Fox).

Por que essa declaração é tão importante?
Gerardo Cevallos: Com a reserva, em seis ou oito anos mais, recuperaremos a pastagem da região, a produtividade dos camponeses e teremos bem definidas as áreas de agricultura, pecuária e espaço para os animais. Acreditamos que pode ser um enorme foco turístico e ambiental e um exemplo para o mundo, pois haverá muitas outras espécies junto ao cão de pradaria, que já estão em risco de extinção, como bisontes, raposas e outros.

Que papel tem o cão de pradaria no hábitat e por que estava em perigo?
Cevallos: Na região que trabalhamos, que é a última grande colônia que existe no mundo, há cerca de 600 mil cães; vivem de oito a dez animais por hectare. Sua vantagem é que se alimentam de arbustos desérticos, são muito agressivos e invadem a pastagem até acabar com ela. Os cães mantém o matagal sob controle e isso permite que a pastagem própria da região sobreviva, constituindo uma espécie fundamental, com um impacto desproporcional em seu ambiente. Se é retirado, perde-se todo o ecossistema. Alguns ainda consideram este animal uma praga. Diz-se que compete com o gado e que tem um grande impacto, mas não é verdade. São envenenados aos milhares, e estamos trabalhando contra isso.

Como o senhor e sua equipe trabalham na região?
Cevallos: Em 1987, cheguei a buscar cães de pradaria no Estado de Chihuahua, pois durante mais de 50 anos não houve informações sobre eles. Os encontrei e comecei um trabalho que se formalizou nos anos 90. Trabalhamos com a sociedade civil, com os pecuaristas, camponeses e o governo municipal para a declaração de reserva, e todos concordam que ela deve ser feita. O consenso é produto de um grande processo de conscientização e do pagamento de serviços ambientais em uma região de quatro mil hectares, onde pela década seguinte seus donos receberão dinheiro, a cada ano, para não usar as áreas para pasto nem cultivo. Os recursos provêm de fundações estrangeiras privadas.

As barreiras que enfrentou para proteger o cão de pradaria são sintoma do que ocorre em matéria ambiental em todo o país?
Cevallos: Sim, é parte disso. O meio ambiente é como um doente ao qual as autoridades dão certas coisas e meio que cura, mas que acaba morrendo mais tarde se não recebe um apoio agressivo. Os problemas são maiores do que os esforços feitos para resolvê-los. E isso não pode mudar sem um forte apoio do governo e de outros setores da sociedade. Nisso ainda estamos engatinhando.
(Envolverde, 22/05/06)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=17549&edt=34

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -