O presidente Lula previu ontem que até 2008 o Brasil estará praticamente independente de gás e que não dependerá da importação do produto da Bolívia. "Um país com a dimensão do Brasil não pode ficar dependente (energeticamente) de nada, de qualquer outro país", avaliou entusiasmado, em discurso de tom às vezes ufanista, ao lado da governadora do Rio Grande do Norte, Vilma de Faria (PSB), em Natal. Ele esteve na capital daquele estado visitando as obras da Ponte Newton Navarro, que ligará o litoral da cidade.

Lula afirmou ainda que o Brasil será a maior potência energética do planeta no século 21, sem a necessidade de usar energia nuclear, apenas com energia limpa (álcool e biodiesel). Afirmou que Europa, Japão e Estados Unidos terão que aprender com o Brasil como produzir este tipo de energia. "Eles vão ter que introduzir o biodiesel ou o álcool na gasolina e quem produz isso é o Brasil e ninguém mais."

O otimismo do presidente derivou da reunião de quinta-feira com o Conselho Nacional de Energia, quando a Petrobras anunciou que irá refinar óleo bruto de oleaginosas (mamona, soja, dendê, girassol). "Isso significa uma grande revolução energética no mundo. É uma nova Petrobras", observou Lula, ao citar a criação do programa do Biodiesel, que, segundo ele, gerou 100 mil empregos para pequenos agricultores. O presidente destacou ainda que já está aprovado um projeto que permitirá o funcionamento das termelétricas a álcool. "Vamos poder produzir mais, exportar mais e não vamos ficar dependendo de matéria-prima importada para nossas termelétricas.

Conforme o presidente Lula, ainda que, se foram precisos 50 anos para transformar a Petrobras em uma empresa auto-suficiente em petróleo, não será preciso mais 50 anos para conseguir a auto-suficiência do biodiesel. Ao concluir o discurso, afirmou que esta revolução mudará a história do Brasil nos próximos anos.
(CP, 22/5)