Proteção deve ser mais rígida para salvar peixes, diz WWF
2006-05-22
Os governos devem reforçar a proteção dos limites de pesca em águas internacionais para evitar
que espécies de peixes sejam exterminadas, divulgou o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) nesta
sexta-feira (19/05). As águas internacionais representam mais de metade da superfície mundial, porém
muitos governos estão ignorando os controles e o aumento na pesca, enquanto a pesca ilegal também
é comum, disse Simon Cripps, chefe do programa marinho do WWF.
"Se elas não forem tratadas agora, vocês não terão sustento, não terão estoques de peixes", disse
Cripps. "Vocês já estão os vendo nas prateleiras das peixarias". Em seu último relatório sobre o
estado das pescarias do mundo, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO) estimou que um quarto dos estoques de peixe que monitora estava superexplorado ou com
população muito reduzida. Outra metade estava completamente explorada, o que significa que produz
pescado perto dos limites máximos sustentáveis.
Tem havido uma consistente tendência de aumento na proporção de estoques superexplorados ou com
população muito reduzida, de cerca de 10% no meio dos anos 70 para quase 25% no começo desta
década, segundo o relatório da FAO. De acordo com um relatório divulgado na sexta-feira pelo
WWF, as regulações das assim chamadas organizações de administração dos pesqueiros regionais
precisam ser mais rígidas, para restringir o excesso da pesca.
As organizações de regulação "são contidas, predominantemente, pela falta de vontade política,
motivações comerciais ou a capacidade seus membros", de acordo com o relatório. O relatório do
WWF foi divulgado antes de um encontro em Nova York em que os governos irão rever o Acordo de
Estoques de Peixe das Nações Unidas, o regulador legal para a administração das populações de
peixe em alto mar, que está longe das áreas costeiras e portanto fora do controle do governo
nacional.
Países como Austrália, Reino Unido e Canadá deveriam tomar para si mais responsabilidades, dando
exemplos e fazendo pressão em outros Estados, disse Cripps. Alguns acordos regionais, como a
Convenção Antártica, fazem um bom trabalho protegendo os estoques de peixes assim como o resto do
meio ambiente, disse Cripps. Mas outros estão falhando. Alguns signatários de um acordo do Atlântico Norte estão ignorando
suas cotas de pesca, ele explicou. Alguns países nem fizeram parte desses acordos e estão
enfraquecendo os esforços dos governos responsáveis.
Os Grandes Bancos fora da costa leste do Canadá estão sofrendo declínios gigantescos nos estoques
de bacalhau, devastando a renda das comunidades costeiras, disse Cripps. Isso está acontecendo
mesmo com o governo do Canadá protegendo os estoques em suas águas, pois os Grandes Bancos se
estendem em águas internacionais, onde outros estão pescando em excesso.
As regulações devem ficar mais rígidas e a pescaria ilegal exterminada. Se não for assim, haverá
poucos peixes restantes para proteger, disse Cripps.
"Isso tem que parar, nós temos que fazer isso rápido", disse Cripps. "Existe esperança, se
conseguirmos colocar a administração no lugar".
(AP, 19/05/06)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mai/19/185.htm
http://www.planetark.com/dailynewsstory.cfm/newsid/36437/story.htm