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2006-05-22
A nacionalização das reservas de gás da Bolívia no início do mês de maio deixou o Brasil na iminência de uma crise, provocou incertezas em relação ao futuro energético, colocou em debate os investimentos nacionais na busca por geração de energia e questionou a capacidade do País em produzir combustível. De todos os lados as perguntas eram as mesmas: como enfrentar esse problema do gás? Vai faltar o produto? Vai encarecer? O gás poderá ser substituído por outra fonte de energia? Existe a possibilidade do Brasil produzir esse produto e se auto-sustentar?

Apesar das dúvidas, a resposta está ao alcance dos olhos e a saída para a crise bem mais perto do que se imagina, é o que afirma categoricamente o físico, engenheiro e um dos idealizadores do Programa Nacional do Álcool (Proalcool), José Walter Baudista Vidal. Em entrevista exclusiva à Folha, o especialista frisou que a solução para o País é, a partir de agora, concentrar todos os investimentos na geração de energia a partir de fontes renováveis como o álcool, os óleos vegetais e o carvão vegetal.

Vidal aponta que existe sim, no Brasil, a possibilidade de explorar gás de petróleo que supriria a demanda interna. Porém, essas ações demandariam altíssimos investimentos, os quais não seriam interessantes, pois trata-se de uma energia não-renovável e poluidora. O País poderia aplicar esses recursos para produzir energias renováveis, acredita ele.

O Estado do Paraná, por exemplo, segundo o especialista, poderia se destacar entre os demais já que possui riquezas únicas que serviriam como fonte de produção dessas energias renováveis, como as florestas. Um ponto positivo, já que em se tratando de petróleo e gás natural o Estado sempre foi dependente.

Segundo informações do assessor de planejamento da Companhia Paranense de Gás (Compagás), Alexandre Haag Filho, na década de 90 até se chegou a comemorar a possibilidade de extrair gás natural na região de Pitanga (88 km ao norte de Guarapuava). “Na época foram feitas pesquisas e acharam uma fonte. Mas em estudos posteriores os técnicos perceberam que o gás saía com baixa pressão e a fonte não tinha potencial para ser explorada”, lembrou.

Haag Filho destacou, entretanto, que posteriormente a Petrobras descobriu um campo de petróleo em Barra Bonita, há poucos quilômetros de Pitanga. “Ali existe a possibilidade de explorar 55 mil metros cúbicos de gás por dia. Uma fonte interessante, mas pequena, já que no Paraná são usados atualmente 750 mil metros cúbicos de gás diariamente”, pontuou o assessor. A fonte, conforme ele, seria viável e interessante para uma empresa instalada próxima da região. Segundo informações dele, o petróleo e gás utilizados no Paraná são quase 100% importados de outros lugares. Há algumas empresas, atualmente, procurando o combustível no litoral do Estado, porém ainda estão em fase de pesquisa, completa o assessor da Compagás.

Para Vidal, no entanto, a era do petróleo chegou ao fim e, no momento, investir na extração de gás seria uma decisão bastante negativa para o Brasil. A curto prazo, segundo ele, os consumidores brasileiros não devem se preocupar - com a nacionalização do gás na Bolívia - pois acredita que não haverá corte na distribuição do gás que vem do país vizinho, nem grandes alterações de preço. Entretanto, na opinião do especialista, chegou o momento do Brasil voltar as suas forças para aquilo em que “somos únicos”: os combustíveis renováveis.

Potencialidade: Vidal destaca que no quesito fontes de energias renováveis o Brasil é absoluto. “Nós estamos condenados a ser a grande potência energética do futuro do mundo”, brincou o engenheiro. De acordo com ele é preciso apostar, entre outras coisas, na produção de biodiesel, biomassa e termoeletricidade - através de florestas.

As alternativas energéticas brasileiras, segundo ele, são bastantes variadas e o País sai na frente do restante do mundo, pois os combustíveis líquidos, por exemplo, só são possíveis nas regiões tropicais. “O Brasil está localizado entre os trópicos, temos água, floresta, sol em abundância. Temos o mercado aberto para nossas potencialidades. Podemos nos tornar grandes exportadores de energia. No entanto, o governo não investe nisso”, lamentou o especialista. Optar por extrair gás, destacou ele, não é interessante pois existe pouco produto no Brasil, que ainda concorre com outros países. “Nós devemos optar pelas fontes renováveis, pois somos únicos”, enfatizou.

O assessor da Compagás, Alexandre Haag Filho, frisou também que por conta da preocupação da maioria dos países mais desenvolvidos em baixar a emissão de poluentes, a tendência mundial é a mudança de matriz energética, no caso, as fontes renováveis. Ele destacou, porém, que momentaneamente por causa da crise na Bolívia, é possível que algumas empresas passem a explorar o gás de petróleo no território nacional. “Mas com o tempo essas reservas não suprirão o consumo e, somado ao problema da poluição, aconteça essa transição de fontes de energia.”

Paraná A tendência predominante no Paraná, segundo Vidal é utilizar a floresta para gerar energia, pois as florestas são renováveis. “Então vai-se fazer termoelétricas e usar carvão vegetal ou lenha para produzir eletricidade”, afirmou o engenheiro. Conforme ele, as florestas têm uma grande vantagem porque ocupam os mais variados espaços.

Já em relação à geração de energia a partir de hidrelétricas Vidal é mais reticente. O problema dessa fonte, de acordo com ele, é que há a necessidade de encontrar um rio com uma queda d´água e fazer uma barragem para armazenar essa água, o que acarreta a inundação de algumas áreas. “E o Paraná já sofreu muito com isso: inundações que acabaram com o alagamento de áreas agrícolas”, justificou. “Além disso, as hidrelétricas estão muito dependentes de onde está a queda d´água e é preciso fazer custosíssimas linhas de distribuição. A floresta pode ser plantada perto da demanda”, concluiu.

Vidal ainda acrescenta que, além das termoelétricas é possível produzir energia a partir de óleos vegetais, os quais podem ser queimados para produzir calor. “O Paraná tem alto potencial para isso. Os óleos vegetais tanto servem para substituir o óleo diesel de petróleo como serve para queimar e produzir energia elétrica, sem necessidade de linhas de transmissão”, finalizou o engenheiro.

Investimentos - Na opinião de Vidal, a melhor alternativa atualmente para o País seria investir em pesquisas e produção de energias renováveis. Segundo ele, um levantamento recente, elaborado após o anúncio da nacionalização do gás na Bolívia, aponta que seria necessário uma aplicação de recursos na ordem de U$S 23 bilhões para extrair o gás de petróleo que existe na bacia de Santos (SP) e distribuí-lo às diversas regiões brasileiras. “Não é interessante mais gastar dinheiro com isso. É muito melhor investir em energias renováveis e se tornar a maior potência do mundo em energia”, frisou o físico.

Ele complementou a opinião, destacando que o futuro do mundo está nas fontes renováveis. “Então a grande perspectiva para nós e para o mundo é o uso das energias renováveis e nós ainda não temos infra-estrutura, não temos logística, não temos capacidade de produção. Então, o dinheiro que se tem deve ser dirigido para aquilo que País será fornecedor”, pontuou Vidal.
(Carbono Brasil, 19/05/06)

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