Seca prejudica safra de milho
2006-05-19
A semente era boa, mas a planta não vinha. Culpa das saracuras e dos perdigões
que deviam estar atacando o milharal, pensaram Nilson Gomes de Oliveira, 68 anos,
e Ilda Souza de Oliveira, 62. Para resolver a questão, o casal providenciou um
espantalho. Não resolveu. Acontece que o problema vinha dos céus, mas não era
causado pelas aves. Era falta de chuva mesmo. Hoje, o boneco continua lá,
cuidando de uma metade estéril da plantação. À sua volta, só nasceram inços
(ervas daninhas). Da outra metade, onde a terra é mais úmida, virá uma colheita
tímida. As espigas que brotaram são bem menores do que o normal. Nesse um
hectare - na localidade de Barra da Chapada, em Jaquirana -, que já chegou a dar
70 sacas de 20 quilos cada, eles não esperam mais do que metade disso.
Como o milho decepcionou, Nilson e Ilda decidiram plantar pastagem para
alimentar o gado leiteiro. Mas o pasto também não veio. Aí foi preciso vender a
jérsei Tobiana, a exemplo do que já haviam feito com Pitininha no ano passado.
- Não temos como comprar milho e ração para as vacas, então vendemos a vaca boa
de leite para o vizinho. A gente prefere vender o que tem para não fazer dívida
- diz Ilda.
Ficaram outras duas vacas, mas Ilda acabou tendo que abandonar uma tradição
familiar que vinha da época de seus avós: fazer queijo. Queijo que um dos cinco
filhos criados graças à atividade rural vendia na cidade.
- No ano passado foi pior, não deu nada. Foram três meses de sol, sem cair um
pingo de água. Morreu tudo - lembra Nilson.
Apesar da estiagem, os dois nem pensam em deixar o campo. São aposentados,
economizam para manter as contas em ordem e têm água de vertentes para o consumo
próprio. Mas, nas novenas, não esquecem de rezar também pela chuva.
(Pioneiro,
19/05/06)