Horta comunitária cultiva os sonhos de 35 famílias em Canoas
2006-05-19
No meio da paisagem urbana da metrópole, respira em Canoas uma horta que
sobrevive do amor de 35 famílias à terra.
No bairro Mathias Velho, a Associação da Horta Comunitária União dos Operários
(Hocouno) cultiva hortaliças em seu terreno e semeia futuros em sala de aula.
Além de compartilhar suas terras com os sócios, a entidade oferece cursos de
jardinagem, de atendimento ao público e de auxiliar de mecânico. O objetivo é
qualificar os jovens do bairro e inseri-los no mercado.
Para melhorar as condições do local, a Hocouno cadastrou um projeto de
reestruturação da horta no Portal Social. Entre as mudanças previstas, está um
sistema de irrigação que permitiria produzir o ano todo, sem os prejuízos
causados pelas secas. O desafio de melhorar a horta é grande, mas existe outro
ainda maior: encontrar os horticultores de amanhã. A juventude que participa dos
cursos não está muito motivada para agir como Antonio Chiarini, 48 anos, garçom
há 34 e tratorista voluntário da horta.
- Eu venho aqui só porque gosto da lida - diz Antonio.
O presidente da associação, Alcindo Pereira, tenta despertar o interesse dos
alunos.
- Se conseguirmos fazer alguns continuarem o trabalho na horta, já estamos
felizes - afirma.
Para a educadora Ivonete Maria Fiorotti, o auxílio financeiro de R$ 120 dado aos
alunos que fazem voluntariado enche a sala de aula, mas não garante o futuro da
horta.
- Tem guris que já querem sair plantando, mas a maioria está aqui por causa da
bolsa - conta.
Entre as exceções está Marvin Faleiro Aragon, 16 anos, aluno do curso de
atendimento ao público. Seus pais são sócios da Hocouno e, a exemplo deles, o
jovem pretende manter a horta da família. Quando pensa em que variedades vai
cultivar daqui a uns anos, Marvin escolhe o que mais gosta de encontrar na mesa:
- Os meus prediletos: alface, aipim e tomate.
(ZH, 19/05/06)