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2006-05-19
Estudo mostrou que, com a aplicação prévia de uma pequena quantidade de reagente, é possível alcançar um nível muito maior de desinfecção comparado ao atingido pelo tratamento convencional.

Pesquisa realizada na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP revelou que é possível diminuir consideravelmente o número de microorganismos patogênicos (que podem causar doenças) no tratamento do esgoto sanitário. A inovação se deve ao acréscimo de uma etapa prévia de desinfecção capaz de enfraquecer esses organismos, tornando-os mais sensíveis à ação do agente empregado na etapa de desinfecção convencional - que tem como função matar esses patógenos.

"Esse processo já havia se mostrado eficaz no tratamento de água de abastecimento", conta Patrícia Bilotta, autora do estudo. "Mas, pouco se acreditava no seu efeito com relação ao esgoto, devido à grande quantidade e diversidade de microorganismos que ele contém, dentre outros aspectos limitantes". Com seu trabalho de doutorado, realizado no Departamento de Hidráulica e Saneamento, Patrícia quis mostrar que o sistema funciona.

O efluente tratado na Estação de Tratamento de Esgoto do campus da USP São Carlos, utilizado como base para o estudo, foi submetido à ação de ozônio e de radiação ultravioleta (UV) - reagentes que Patrícia já havia investigado em seu mestrado. Na etapa de desinfecção, comum tanto ao sistema convencional quanto ao experimental, empregou-se 30 miligramas de ozônio por litro de esgoto e 120 miliwatts de UV a cada segundo por centímetro quadrado ocupado pelo efluente. Na pré-desinfecção, restrita ao sistema experimental, esses valores caíram para 1 e 51, respectivamente. "Era necessário alcançar um tratamento potencializado com uma quantidade muito pequena dessas substâncias, para que o sistema fosse avaliado em condições de limite", explica Patrícia.

Resultados - Patrícia trabalhou com quatro indicadores de contaminação por microrganismos patogênicos, dos quais ela destaca a bactéria E. coli e o protozoário Clostridium perfringens. "Essas duas espécies representam extremos de resistência aos reagentes, sendo o protozoário muito difícil de eliminar", descreve. Apesar disso, tanto com ozônio quanto com UV, a quantidade desses microorganismos ao final do tratamento experimental foi menor que no convencional.

De 100 mil bactérias encontradas na amostra de 100 mililitros (mL) colhida antes da pré-desinfecção, passou-se para praticamente zero depois da desinfecção. Na amostra proveniente do tratamento comum, ainda restaram 100 desses organismos. No caso do protozoário, de mil passou-se para 10 deles com a participação da pré-desinfecção. No sistema convencional, o número de protozoários foi reduzido para 100. "A análise da amostra de esgoto tratado apenas pela pré-desinfecção mostrou que não houve alteração na quantidade de microrganismos, mas a combinação dessa etapa com o restante do processo resultou em sensíveis diferenças", aponta a pesquisadora.

Ganhos futuros - Com esse sistema de tratamento é possível chegar à mesma eficiência de tratamento que se tem hoje com menor aplicação de reagentes no sistema convencional, gerando gastos menores.

Devido à eficiência de eliminação de microorganismos, a água resultante do tratamento experimental do esgoto pode até ser utilizada na irrigação. "A quantidade de microorganismos alcançada se situou abaixo do limite máximo determinado pela OMS para aplicação na agricultura", conta a pesquisadora.
(Agência USP, 18/05/06)

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