VOLKSWAGEN PODE UTILIZAR FIBRA DO CURAUÁ DO PARÁ
2001-10-02
O governo do Pará vai incentivar o plantio de curauá por pequenos produtores do estado. Os detalhes do programa ainda não estão definidos, mas o executivo já recebeu um aliado de peso. Diretores da Volkswagen reuniram-se com o secretário Especial de Produção, Simão Jatene, e garantiram que a empresa tem interesse no produto, do qual, dizem os pesquisadores, sai a mais resistente fibra natural já conhecida. O uso industrial depende agora de apenas um fator: a viabilidade econômica. Jatene informou que com o interesse da montadora, o governo vai incentivar o plantio e o desenvolvimento de tecnologia para que a fibra seja produzida em larga escala. A idéia é repetir com a Volkswagen a parceria feita com a Mercedes Benz do Brasil. A montadora ajudou a implantar a fábrica Poematec, que fornece artefatos feitos em fibra de coco para os automóveis modelo Classe A. Hoje, a Embrapa Amazônia Oriental e o Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema) já têm um programa de incentivo ao plantio do curauá em pequenas propriedades da região. O aceno do estado poderá significar mais dinheiro para a produção e distribuição de mudas. Hoje, a Embrapa já tem tecnologia para produção in vitro das mudas. A meta do governo é chegar a uma área plantada de quatro mil hectares. No Pará, o curauá é plantado apenas no nordeste e oeste do estado e o volume da produção ainda é insuficiente para atender uma demanda industrial. A Embrapa e o Poema já têm condições de distribuir um milhão de mudas para os pequenos produtores que hoje estão envolvidos no plantio de fibra de coco. A planta é da família das bromélias (parece com a do abacaxi). Estudos do Poema revelam que a demanda pode chegar a mais de 150 toneladas por mês de fibra de curauá. No Pará, a produção é suficiente para apenas oito mil toneladas. As pesquisas com a fibra começaram na Amazônia na década de 60, mas foram suspensas diante da procura por outras fibras naturais, como juta e malva. Em 1992, após assinatura de convênio entre o Poema e a Mercedes Benz do Brasil, para estudo das fibras naturais da Amazônia, o curauá voltou a ser pesquisado. O secretário especial de Produção diz que as fibras são uma das âncoras da política de incentivo à agroindústria no estado. - O curauá é a bola da vez, pela quantidade e qualidade da fibra que produz, disse. A fibra poderá ser usada na indústria automobilística em peças como assentos, mantas para forro de portas. Pode ser usada também nas indústrias de confecções e calçados, entre outras. Jatene afirma que o desafio do estado agora é tornar-se competitivo na produção, desenvolvendo tecnologia de plantio e colheita. - O curauá exige poucos cuidados, mas temos que ter um plantio de qualidade, senão poderemos perder mercado para outros estados, alerta ele. (InvestNews)