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2006-05-19
Esperando consolidar a cultura da mamona como uma nova alternativa de renda para os agricultores de Sobral, a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Município, com apoio do Instituto de Desenvolvimento de Tecnologias em Agropecuária e Recursos Hídricos (Idetagro) e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), está implementando o projeto em três localidades, Jordão, Jaibaras e Rafael Arruda. As primeiras plantações começaram no início do ano e serão colhidas em julho. Até agora, a Secretaria distribuiu uma tonelada de sementes de mamona a agricultores que estavam dentro dos critérios estabelecidos pela pasta.

Ainda nessa fase inicial, a intenção é incentivar os agricultores a apostar na nova cultura. Apesar de já ter tido tradição no plantio da mamona há cerca de 20 anos, o Município pretende agora retomar essa produção, principalmente por conta do biodiesel. Também para um futuro próximo, uma segunda fase do projeto será a construção de uma micro-usina de biodiesel em Sobral que absorva a produção local e passe a abastecer a frota de veículos da Prefeitura.

Para o secretário de Agricultura e Pecuária, Osmany Mendes Parente, a pretensão é criar uma produção sustentável de biodiesel na região. Além disso, segundo o secretário, a renda proveniente da mamona será um complemento à renda atual dos pequenos agricultores que produzem feijão e o milho. Até porque, a produção também pode ser feita de forma consorciada com essas duas culturas. Para implementação do projeto nos distritos, os agricultores receberam capacitação e continuam tendo assistência técnica através do agente rural. A perspectiva é que sejam produzidos entre 1.000 e 1.500kg de mamona por hectare, resultando num custo de produção de R$ 650,00. Já na venda, os agricultores poderão comercializar o quilo do produto a R$ 0,60, preço considerado acima da média pelo coordenador de agronegócios da Secretaria, Emerson Pinto Moreira.

Nesse caminho, o agricultor de Jordão, Francisco Alves Machado, garante que o projeto terá bons resultados. Ele é um exemplo de que a tradição já foi forte na região. Seu pai foi produtor de mamona e, mesmo antes do projeto no Município, ele já vinha plantando mamona. Segundo Francisco, a produção é boa e tem tudo pra dar certo, principalmente com a garantia de compra da demanda pela Prefeitura. Atualmente, ele vinha vendendo seu produto para atravessadores a um preço de R$ 0,50. Com o novo projeto, ele deverá comercializar por R$ 0,60 e terá o transporte também garantido pelo Dnocs. Na sua experiência, a produção realmente complementa a renda do feijão e milho. Com o projeto, ele se sente mais animado e já aumentou em 50% sua área de plantio.

ZONEAMENTO
No Projeto Mamona do Ceará, da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado (Seagri), 81 municípios no Ceará foram zoneados para o plantio de mamona. Depois de um projeto-piloto para extração do óleo de mamona, em Quixeramobim, que eletrificou uma comunidade usando energia à base do óleo, o projeto parte agora para uma nova etapa. A construção de duas usinas de processamento, em Quixadá e Crateús. Desde 2004, a mamona vem sendo plantada no Estado. Toda essa produção vem sendo escoada, principalmente, para a empresa Brasil Ecodiesel, parceira do projeto, que produz o óleo em Floriano, no Piauí. Já em 2006, outro destino para essa demanda será a Petrobras, que usará o produto para pesquisas no Rio Grande do Norte.

Segundo o gerente do projeto Mamona do Ceará, Valdenor Feitosa, atualmente 5.500 agricultores no Estado estão plantando a mamona. Destas áreas, o Sertão Central e a região dos Inhamuns são os que mais se destacam na produção. Desde 2004, os hectares cultivados só crescem, em números cumulativos. No primeiro ano, foram plantados 9.200ha. Em 2005, foram 18 mil hectares a mais, e, em 2006, foram mais 16 mil ha a mais do que o ano anterior.

Só este ano, foram distribuídas 80 toneladas de sementes selecionadas. Apesar disso algumas dificuldades, segundo Feitosa, têm que ser superadas, como uma maior facilidade de créditos para esses produtores por parte dos bancos. Ainda assim, ele acredita que, se o envolvimento no projeto continuar como está, “tem tudo pra dar certo”.
(Diário do Nordeste, 18/05/06)
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