Livro destaca “as florestas e o desenvolvimento sustentável na Amazônia”
2006-05-19
Ao falar do papel da imprensa, Vírgilio Viana, em seu novo livro, vai direto ao ponto considerado fundamental não apenas por ele. “Existe uma tendência em dar mais atenção para as crises ambientais e sociais do que para as experiências destinadas a superá-las. E isso é ruim, porque a impressão que se passa é a de que não temos alternativas para combater os descaminhos do atual estilo – insustentável – de desenvolvimento”, afirma.
Viana, atual secretário de estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, deixa claro em seu comentário sobre a mídia que acredita ser possível alterar o rumo. É o que fica claro em seu mais recente livro, As florestas e o desenvolvimento sustentável na Amazônia (Editora Valer).
“É possível desenvolver a economia de toda a região amazônica a partir da floresta em pé, e não transformada em pasto ou campo para a agricultura”, disse Viana, também professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo.
“Não apenas dizimamos o pau-brasil como reduzimos a Mata Atlântica a menos de 5% do que existia em 1500. A mesma história está se repetindo na maior floresta tropical do planeta. Começou com o garimpo do pau-rosa e desde 2001 estamos desmatando mais de 2 milhões de hectares por ano”, afirma.
Ao passar do diagnóstico para o futuro, o livro não deixa de apontar os serviços ambientais que a Amazônia pode oferecer. O caminho ideal, segundo o autor, seria buscar integrar as esferas locais e regionais ao processo de desenvolvimento econômico e social almejado no plano nacional. Em termos práticos, explica Viana, isso pode ser obtido pela jardinagem florestal participativa ou pela valorização dos saberes etnoecológicos.
Do mundo teórico para o prático, o exemplo ainda mais citado – e talvez no futuro seria importante que vários outros surgissem – é o da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá. “Lá, se conseguiu implementar sistemas de bom manejo florestal e pesqueiro, que resultaram no aumento da renda dos ribeirinhos”, lembra Viana. Parece simples, e talvez seja mesmo. Mais informações sobre o livro com a Editora Valer: (92) 3633-6565.
Por Eduardo Geraque, Agência FAPESP