Ameaça à vida marinha nas Seychelles
2006-05-17
Recifes e corais de uma das ilhas mais apreciadas do planeta sofrem com aquecimento global. O aquecimento pode ter
destruído irremediavelmente alguns dos recifes de corais mais apreciados do planeta, segundo estudo que avaliou
o impacto permanente do aumento da temperatura dos oceanos nos corais e na fauna marinha, divulgado nos Estados
Unidos.
Grande parte dos recifes de corais e a maioria das espécies marinhas que dependem deles "podem ter sido destruídos
para sempre". Este foi o veredicto de uma equipe internacional de pesquisa, depois de ter tido a oportunidade de
examinar 21 locais e mais de 50 mil metros quadrados nas Ilhas Seychelles, entre 1994 e 2005.
A pesquisa analisou o impacto a longo prazo do chamado reaquecimento climático que no ano de 1998 implicou em
aumento desordenado e sem precedentes da temperatura da superfície do Oceano Índico, o que provocou a destruição
de mais de 90% da barreira de corais das Ilhas Seychelles.
O estudo, que foi conduzido por Nick Graham, da Universidade de Newscastle, no Reino Unido, com a participação de
pesquisadores da Austrália e das Ilhas Seychelles, foi publicado nos anais da Academia Norte-Americana de Ciências
(Pnas, na sigla em inglês).
A pesquisa destacou que o aumento da temperatura em 1998 teve efeito devastador a curto e a longo prazos,
impedindo a regeneração de numerosos recifes de corais. Esses recifes foram fundidos e cobertos com algas
marinhas. Como conseqüência, seu desaparecimento privou de alimentação e habitát uma importante fauna marinha de
diferentes espécies. Segundo dizem os pesquisadores, em 2005 já não restava na zona estudada mais de 7,5% de
recifes de corais.
O estudo revelou, ainda, que a diversidade das espécies de peixes diminuiu em nada mais, nada menos do que 50%
nas zonas mais duramente afetadas. A diminuição da biodiversidade debilita o ecossistema, tornando-o mais instável,
indicou o documento. E a população de peixes menores diminuiu mais rapidamente pouco após 1998 - e essa
escassez começou a ter um efeito duradouro sobre a cadeia alimentícia, que provavelmente se ampliará com o tempo,
apontam os cientistas.
Além disso, os pesquisadores consideraram preocupante a diminuição do número de peixes herbívoros, importante para
evitar a proliferação das algas que costumam obstruir os corais. O estudo demonstrou que quatro espécies de peixes -
um tipo de "Chaetodon", duas variedades dos "Labridae" e uma espécie da família dos "Pomacentridae" - poderão
desaparecer nessa zona.
Outras seis espécies de peixes correm também perigo de extinção, destacaram os cientistas que realizaram o estudo.
Na prática, trata-se do "Pervagor Melanocephalus", de três espécies de "Chaetodon" e outras duas categorias da
espécie conhecida como "Pomacentridae".
"Talvez seja mesmo demasiado tarde para salvar muitos desses recifes de corais", insistiu o pesquisador Graham.
"Mas este levantamento demonstra realmente a importância de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, bem
como suas conseqüências nos ecossistemas mais diversos do planeta", alertou.
Os recifes de corais, que há muito tempo foram denominados por estudiosos do mundo todo por "bosques tropicais do
mar" (o que mais do que uma alusão, é um veredicto explícito à real importância deles), são ecossistemas realmente
frágeis. Eles têm por principal papel acolher e alimentar um sem-número de formas de vida, assim contribuindo em
muito para a correta e necessária conservação da biodiversidade do planeta Terra.
(AFP, 17/05/06)
http://www.gazetamercantil.com.br/pt/Jornal/noticia.aspx?CodNoticia=162604929&NomeEditoria=Plano%20Pessoal&C
odEditoria=1005