Porto Alegre produz 1.040 toneladas de resíduos diários
2006-05-18
Para que um sistema complexo como uma grande cidade não entre em colapso, assim
como o corpo humano, todos os órgãos devem funcionar perfeitamente. Se um órgão
falha, o corpo adoece. Imagine se numa cidade como Porto Alegre, com 496,8
quilômetros quadrados de área e 1,4 milhão de habitantes, não houver
recolhimento de lixo por uma semana. Como a média de resíduos domiciliares
gerada diariamente na Capital gaúcha é de 1.040 toneladas, imagina essa
quantidade de lixo multiplicada por sete e espalhada pela cidade. O resultado
certamente será catasfrófico. A logística empregada pelo DMLU é peça-chave para
o sucesso das operações de recolhimento de lixo, impedindo o princípio do caos
urbano.
Em Porto Alegre, a coleta de 1.040 toneladas de lixo domiciliar utiliza 39
caminhões compactadores e outros oito como reserva, com capacidade para recolher
15 m3 de lixo. O peso da carga com o caminhão cheio é em média de 22 toneladas
devido ao sistema de compactação existente no veículo, que reduz o volume do
lixo coletado em até quatro vezes. “O coletador joga os sacos de lixo no
caminhão e aciona uma placa que puxa esse material para dentro, onde há outra
placa que prensa contra o fundo do veículo”, explica o supervisor operacional do
DMLU, Geraldo Felippe. Em cada caminhão trabalham três coletadores,
responsáveis pelo recolhimento do lixo - geralmente depositado na calçada -, e
um motorista. Esse trabalho, hoje, é realizado por uma empresa terceirizada.
Felippe explica que o DMLU já realizou a coleta, mas optou pela terceirização em
função do tempo máximo - cinco anos -, que o gari suporta na atividade. “A função
é muito penosa e na empresa terceirizada há bastante rotatividade de pessoal”,
diz. “O DMLU não teria onde recolocar esses profissionais, depois que eles
deixassem a função”.
O DMLU considera resíduos domiciliares dejetos como cascas e restos de frutas e
legumes, sobras de comida, papel higiênico e fraldas descartáveis usados,
guardanapos e toalhas de papel sujos, plantas, restos de podas e varrição, pó de
café e erva-mate. De acordo com o Código Municipal de Limpeza Urbana, o limite
mínimo e máximo para destinação dos resíduos à coleta domiciliar deve ser
acondicionado em sacos de 20 a 100 litros. A operação de coleta do lixo é
dividida entre os turnos da noite e do dia, e o recolhimento pode ser diário ou
em dias alternados. Na área central de Porto Alegre, a coleta é feita no turno
da noite, das 19 às 24 horas, diariamente. O mesmo ocorre nos bairros Bom Fim,
Cidade Baixa e parte dos bairros Farroupilha, Floresta, Azenha e Menino Deus,
nas áreas limitadas pelas avenidas Ramiro Barcelos e Ipiranga.
Felippe destaca que o recolhimento está dimensionado para cumprir o roteiro
completo até o horário limite da meia-noite para que os moradores não sejam
incomodados com o barulho da coleta. Em algumas avenidas de grande concentração
de estabelecimentos comerciais, como a Bento Gonçalves, Assis Brasil, Farrapos,
24 de Outubro, Azenha e Protásio Alves a coleta também ocorre no período da
noite, diariamente. Nos bairros que circundam a área central e localidades
próximas, a coleta é noturna, mas com um diferencial: ocorre em dias alternados,
às segundas, quartas e sextas-feiras ou às terças, quintas-feiras e sábados sem
interrupção nos feriados. Segundo Felippe, o critério para a definição da
periodicidade dos roteiros é o volume de lixo que ficaria exposto, e o turno é
definido em função do tráfego. “A coleta noturna não interfere significativamente
no tráfego e a divisão da coleta entre os turnos da noite e do dia otimiza o
uso dos caminhões”, explica.
(JC, 18/07/06)