Segundo Viviana Cardoso de Sá e Faria, membro do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), o crescimento do gás natural vem sendo impulsionado pela crise de energia, já que a necessidade de diversificação da matriz energética fará com que entrem em operação duas usinas termelétricas em 2001, nove em 2002 e 14 em 2003, ampliando o consumo de gás natural dos atuais 19,5m³/dia para 70 milhões de m³/dia em 2003, considerando exclusivamente o uso para termelétricas. De fato, em 2001 as vendas atingiram cerca de R$ 1,7 bilhão, enquanto há seis anos correspondiam a pouco mais de R$ 700 milhões /ano, existindo projeções de R$ 4,2 bilhões para 2002. De forma a permitir a expansão da participação do gás na energia consumida no país, dos atuais 2% para cerca de 10% em 2010, a ampliação da oferta de gás natural vem sendo feita a partir da ampliação do gasoduto Bolívia-Brasil e as redes das distribuidoras estaduais. Além disso, o gás natural poderá funcionar como uma alavanca importante para a integração dos países da América Latina - e o Brasil não pode prescindir das crescentes necessidades de importação desse insumo. A contrapartida desta necessidade brasileira é a disponibilidade de exportação em grandes volumes por parte da Bolívia, Argentina e Peru. Exemplo de perspectivas positivas de outros usos além das térmicas é o Polo Gás-Químico da Baixada Fluminense, com a excelente previsão de geração da empregos e o aumento de receitas tributárias para os municípios envolvidos. Da mesma forma, a BR Distribuidora está investindo R$ 21 milhões em 2001 para expandir sua rede de distribuição de gás natural veicular (GNV), contra investimentos de 14 milhões no ano passado, para atender uma grande demanda reprimida no Brasil. Por fim, a Petrobras e a Shell, estão finalizando negociações para o fornecimento de gás natural liqüefeito (GNL) para unidade de regaseificação a ser construída em Suape (PE) com o objetivo de atender as térmicas previstas para serem construídas na região Nordeste. Em suma, o gás natural dispõe de um imenso potencial de penetração na matriz energética brasileira e, seguramente, terá um papel fundamental na superação da crise de energia elétrica vivida hoje. (Valor/A12, 1°/10)