ÍNDIOS SUSTENTAM SUA CULTURA COM APOSENTADORIA
2001-10-02
O plantio de café e mandioca e o cultivo de guaraná, vendido no mercado mundial, são insuficientes para sustentar as aldeias dos saterés-maués entre a Amazonas e o Pará. Os peixes rarearam no rio depois que os índios adotaram a dinamite na pesca. Com falta de quase tudo, índios idosos, bancam algumas despesas da tribo com os R$ 180,00 da aposentadoria rural. No contato com os saterés-maués, o antropólogo Alvarez descobriu que empregam parte do dinheiro na comunidade. Uniram-se para comprar, por exemplo, os motores das rabetas e um boi para alimentar a tribo. A renda mantém o tradicional poder dos anciãos nas comunidades e financia rituais, reforçando a cultura e as crenças. A Previdência não sabe quantos índios da Amazônia recebem benefícios, mas as estatísticas somam-se a outros trabalhadores rurais e nos documentos, todos têm nome de branco. O IBGE, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), estima em 18 mil os indígenas aposentados. O número pode ser maior, já que a pesquisa não computou a população rural dos Estados de Rondônia, Acre, Roraima, Pará e Amapá. Na Amazônia, o benefício apenas alivia a carência de quase tudo. A pobreza une índios, ribeirinhos e remanescentes das múltiplas identidades que convivem às margens do maior rio Amazonas. (Época/60, 1/10)