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2006-05-17
Tinha um começo promissor, saudado por comerciantes, burocratas e ambientalistas como uma maneira de frear o aquecimento global com a arte do capitalismo. Depois de um estandarte primeiro ano, entretanto, o mercado de comércio de carbono sofreu uma sessão de quedas de preços, passos errados e más interpretações, levando um novo clamor por uma grande mudança.

Isso pode até ser uma dor crescente. Mas pode apontar grandes problemas à frente quanto a execução das sentenças do Protocolo de Kyoto, com o qual muitos países estão contando para gerenciar a mudança climática. O volume atingiu U$10 bilhões em 2005, e pode crescer até U$30 bilhões este ano, segundo estimativas do Banco Mundial. Em comparação, toda a plantação de trigo dos EUA em 2005 foi de U$7.1 bilhões.

“O mercado está nervoso e precisa ver movimentos para uma estrutura mais confiável para conseguir sua credibilidade de volta”, disse Ingo Ramming, diretor de gerenciamento do negócio de emissões da Dresdner Kleinwort Wasserstein, em Londres. Mais do que apenas lucro está em jogo. “Este é o instrumento que políticos escolheram para alcançar as metas de mudança climática”, disse Ramming. Se países estão falando sério sobre aquecimento global, acrescentou ele, “o regulamento e a estrutura têm que estar certos”.

O comércio de créditos de carbono – os quais poluidores devem comprar para compensar qualquer excesso de emissões além dos limites estabelecidos pelo tratado internacional – há muito tem sido considerado a força guia atrás do plano de Kyoto e da Europa para reduzir gazes de efeito estufa. (A administração Bush rejeitou participar do tratado ou do mercado de carbono). Em semanas recentes, contudo, os giros de mercado desencadearam pedidos para rápida reestruturação dos participantes, ambientalistas e oficiais do governo. Um foco das queixas é a liberação de dados.

O contratempo mais reluzente ocorreu em abril, quando uma rara informação gotejou para dentro do mercado; sexta-feira passada, mais dados oficiais foram erroneamente colocados dentro de um web site do governo e, então, rapidamente removidos – mas não antes de serem noticiados pelos jogadores de mercado. Em ambos os casos, o mercado deu uma sacudida porque a informação mostrou que nações européias haviam superestimado a quantidade de emissões de carbono que suas companhias tinham produzido.

Companhias são designadas a limites para suas emissões do dióxido de carbono, e precisam comprar “créditos de carbono” se suas emissões poluem mais. Alternativamente, se poluírem menos, podem vender seus créditos não usados no mercado aberto. Os números oficiais da Comissão Européia para 2005 foram liberados na segunda-feira (15/05), e eles mostram que 21 dos 25 estados-membros produziram 44.1 milhões de toneladas a menos de dióxido de carbono, ou 2.5 por cento sob o nível que participantes do mercado estavam operando.

Levado em valor nominal, isto pareceria boa notícia; pois abaixar o dióxido de carbono é a meta final. Mas muitos participantes dizem que governos, sob pressão da indústria, podem ter originalmente superestimado a quantidade de créditos de carbono que suas companhias precisariam. De acordo com esta visão, a estimativa excedente tornou possível a essas companhias a vendagem decréditos extras e o levantamento dinheiro sem terem realmente trabalhado para reduzir emissões ou melhorar a eficiência de suas metas de Kyoto.

Mas como excesso no mercado de carbono, comerciantes venderam grandes lotes de seus créditos, mandando os preços para um passeio de montanha-russa. Com muitos participantes sofrendo perdas significantes, a experiência ameaça expelir jogadores. O sistema do comércio de emissões está agora enfrentando críticas de vários grupos de defensores, os quais geralmente tomam lados opostos: ambientalistas e comerciantes.

“Governos têm sido enganados pelas grandes indústrias, as quais deram a eles suposições erradas de suas emissões”, disse Stephen Singer, chefe da unidade de política climática e energética do Fundo Mundial da Vida Selvagem. O mercado de emissões é singular entre mercados financeiros em termos de influenciar governos a se abraçarem a ele. Oficiais do governo determinam especificamente quais indústrias e quais companhias ficam com quantos créditos.
(The New York Times, 16/05/06)
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