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2006-05-17
Dezessete anos depois do Exxon Valdez ter encalhado no Estreito Prince William, no Alasca, novas evidências sugerem que os resíduos do maior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos se estendem mais do que se acreditava, aumentando a probabilidade de que o óleo esteja causando danos de longo prazo e imprevistos à vida selvagem. A descoberta aparece nesta terça-feira (16/05) no site da revista da Sociedade Americana de Química. O estudo, realizado por pesquisador químico Jeffrey Short e colegas no Serviço Nacional de Pesca Marinha em Juneau, Alasca, também estará na edição impressa da revista, que sai em 15 de junho.

"Esse estudo mostra que é muito plausível que a exposição ao óleo do Exxon Valdez esteja tendo um impacto material em muitos animais litorâneos e esteja contribuindo para sua recuperação lenta em algumas partes do Estreito Prince William", disse Short. "As lontras marinhas, por exemplo, têm que repovoar a Baía Herring, a baía estudada mais atingida pelo óleo, e a população de lontras em todos os outros lugares ao redor da Ilha Knight continua a diminuir. Infelizmente, já que grande parte do óleo está enterrada nos sedimentos da praia e não exposta ao clima e outros elementos que podem degradá-la, ela pode continuar causando danos à vida selvagem por décadas".

O Exxon Valdez bateu em uma formação rochosa abaixo da água no dia 24 de março de 1989, entornando 11 milhões de óleo no Estreito, durante muitos dias. Apesar dos esforços massivos de limpeza, Short estima que cerca de 10 quilômetros da costa ainda são afetados pelo vazamento, e aproximadamente cem toneladas de óleo continuem no Estreito. No estudo, Short e seus colegas encontraram quantidades significativas de óleo do Exxon Valdez enterrado na areia e na lama, em áreas que só ficam secas durante as marés baixas. Essa zona de diversidade biológica é uma região primária de alimentação para as lontras, patos e outros animais.

Anteriormente, os cientistas acreditaram que a maioria do óleo estava depositada nas praias com níveis mais altos de maré. Os pesquisadores cavaram, ao acaso, 662 poços em 32 trechos de costa na Ilha Knight, uma das áreas mais afetas durante o vazamento. Eles encontraram óleo do Exxon Valdez em 14 dos 32 sítios. Apesar de o óleo estar espalhado pela região de marés, cerca de metade dele foi encontrada na zona de maré baixa, onde os predadores poderiam encontrá-lo enquanto procuravam por presas. Mais de 90% do óleo da superfície, e todo o óleo abaixo dela, provinha do Exxon Valdez, disse Short.

Baseados nessas descobertas, os pesquisadores estimam que em um determinado ano, uma lontra - cavando três poços por dia para procurar por moluscos e outras presas - provavelmente entraria em contato com óleo do Exxon Valdez pelo menos uma vez a cada dois meses. Porém, as lontras marinhas cavam milhares de poços por ano, e Short suspeita que elas podem estar encontrando óleo, na realidade, com muito mais freqüência que o estimado.
(Estadão Online, 17/05/06)
http://www.planetark.com/dailynewsstory.cfm/newsid/36392/story.htm
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=24721

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