Agricultores fazem pressão contra exploração de carvão em Içara/SC
2006-05-17
A luta de agricultores contra a instalação de uma mina de carvão em Içara, litoral Sul do Estado, promete ser longa. Depois de fazer uma manifestação com 150 tratores, que parou o município do Sul do Estado na tarde de segunda-feira, os trabalhadores rurais pretendem continuar unidos e mobilizados contra o projeto, que para eles é uma ameaça ao futuro da agricultura na comunidade. "Não vamos aceitar esta mina. Estamos lutando pela vida e pelas futuras gerações. Não queremos que a exploração do carvão destrua os mananciais de água e inviabilize nosso trabalho", argumenta Antonio Matiola, um dos líderes do Movimento pela Vida, que reúne produtores dos bairros Santa Cruz e Esperança.
Hoje os Agricultores seguem para Florianópolis. Na Capital eles pretendem acompanhar a apreciação de um pedido ação direta de inconstitucionalidade feito pela categoria, que contesta uma lei criada pelo legislativo de Içara e que permite a instalação da mina. "Nosso objetivo é impedir a mina e vamos conseguir isso. Não somos contra os empregos. O problema é que a mina vai gerar 90 empregos e a atividade deles vai inviabilizar a agricultura, que gera renda para quase 400 família. Queremos que o colono seja respeitado. Não estamos mendigando nada, queremos apenas o direito de continuar trabalhando".
Segundo a advogada Jaqueline Monteiro, representante da Carbonífera Rio Deserto, a empresa está amparada legalmente e aguarda apenas a licença ambiental de operação expedida pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) para iniciar os trabalhos. "A empresa não vai comentar a manifestação, já que todos tem o direito de exporem suas idéias. Também não recebemos a informação de pedido de liminar ainda. A questão é que a empresa está amparada legalmente, tem as licenças ambientais o que prova que as normas ambientais estão sendo respeitadas e não está cometendo nenhuma irregularidade", explica.
A alegação não convence os agricultores que colocam em dúvida inclusive a licença ambiental de instalação liberada recentemente. "Não aceitamos nem reconhecemos esta licença. Se for preciso vamos acampar no terreno da mina e não vamos sair de forma alguma", diz Matiola.
Na tarde de segunda-feira, os agricultores fizeram um tratoraço pelas ruas da cidade para mostrar a indignação com a situação. Em respeito a manifestação, várias lojas fecharam as portas. "Os comerciantes também estão conosco. Eles sabem que nossa causa é justa", destacou o líder. O protesto dos agricultores já vem sendo realizados há quase dois anos. Em 2004, durante uma das manifestações, parte da Câmara de vereadores chegou a ser quebrada em um tumulto.
(A Notícia, 17/05/06)