Pesquisa estuda microorganismos para diminuir poluição provocada por dejetos
2006-05-17
A Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
está estudando o uso de microorganismos para diminuir a poluição provocada pelos dejetos
acumulados nas propriedades que produzem suínos. A iniciativa faz parte de uma rede
internacional de pesquisa, que integra pesquisadores do Brasil, Estados Unidos, Europa e
Japão. “No final do estudo, queremos desenvolver um sistema que retire nitrogênio dos
resíduos, diminuindo o impacto ambiental provocado no solo pelas sucessivas disposições de
dejetos”, explicou o pesquisador Airton kunz.
Há algum tempo que os pesquisadores alertam que não basta apenas armazenar os dejetos em
esterqueiras e depois aplicá-los no solo como um adubo orgânico. Em regiões com grande
produção de suínos, há muito mais resíduos do que solo disponível para recebê-los. Isso faz
com que seja colocado dejeto em excesso na terra, situação que interfere negativamente nas
características químicas, físicas e biológicas do solo. No caso do excesso de nitrogênio, o
principal perigo é a sua transformação em nitrato, que acaba nas fontes de água e faz com
que elas fiquem impróprias para o consumo humano e animal.
Os microorganismos que removem o nitrogênio dos dejetos animais estão presentes no meio
ambiente e foram descobertos por pesquisadores holandeses em 1996. As experiências sobre o
assunto mostraram também que os microorganismos somente se alimentam de nitrogênio em
condições muito restritas. “Nosso desafio é reproduzir essas condições em laboratório,
compreendê-las inteiramente e replicá-las de uma maneira aplicável aos sistemas de produção
de suínos”, disse Aírton Kunz. Além dos dejetos de suínos, o uso de microorganismo na
remoção de nitrogênio dos resíduos da produção poderá servir a produções de bovinos e aves.
Nos laboratórios da Embrapa Suínos e Aves estão sendo testadas neste momento as condições
ideais para a reprodução dos microorganismos. Os resultados obtidos nos laboratórios
espalhados pelo mundo que participam do projeto são trocados entre os pesquisadores e
ajudam a tornar mais rápido e eficiente o processo de compreensão de como os microorganismo
podem ajudar a diminuir o impacto ambiental dos dejetos suínos. De acordo com o
pesquisador Airton Kunz, não dá para se fazer uma previsão exata de quando será possível
colocar à disposição dos suinocultores equipamentos que utilizem os microorganismos. “Mas
de antemão é possível dizer que essa alternativa auxiliará principalmente as propriedades
ou regiões que concentram grande número de animais”, completou o pesquisador.
(Embrapa, 16/05/06)