Milhões de pessoas em todo o mundo enfrentarão a morte e a devastação provocadas por enchentes, fome, seca e violência provocadas pelo aquecimento global, informa uma agência filantrópica religiosa. Relatório divulgado pelo grupo Christian Aid ("Ajuda Cristã"), que reúne ações de caridade de igrejas cristãs da Grã-Bretanha e Irlanda, diz que 162 milhões de pessoas na África subsaariana poderão perecer, neste século, de doenças que podem ser atribuídas diretamente à mudança no clima da Terra.

O texto pede que o governo britânico lidere os países ricos num esforço para agir e deter o aquecimento do planeta. Regiões pobres, sugere a instituição, deveriam ser encorajadas a adotar fontes de energia renováveis. Segundo o relatório, se a África subsaariana mudasse sua matriz energética, de combustíveis fósseis para fontes como água, sol e vento, o ambiente seria beneficiado, melhor saúde e mais oportunidades de emprego e educação. O trabalho estima que todas as famílias da África poderiam mudar de fonte de energia por um custo inferior à conta de petróleo do continente na próxima década.

"Este relatório expõe de forma clara e definida o impacto devastador da mudança climática induzida pelo ser humano terá nos povos mais pobres do mundo", disse sir John Houghton, que participou de um grupo de cientistas criado pelo Comitê Intergovernamental para a Mudança Climática. "Essa constatação expõe um imperativo ético inescapável para aqueles de nós do mundo desenvolvido que nos beneficiamos tanto da energia barata dos combustíveis fósseis", acrescentou.

O relatório alerta para a possibilidade de violência, com as pessoas lutando por recursos que se tornam escassos por conta da mudança climática. No Quênia, já há disputa nas áreas afetadas pela seca. Em Bangladesh, a elevação prevista do nível do mar poderia deixar milhões de desabrigados e miseráveis. Já existem que precisam se mudar em intervalos de poucos anos, porque o derretimento das geleiras do Himalaia inunda suas terras, de acordo com o texto.
(AP, 15/05/06)
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