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2006-05-15
Há nada menos de dois séculos geólogos de todo o mundo estudam a hiperatividade do vulcão Santa Helena na região americana de Seattle. Quanto mais pesquisam, mais se surpreendem. A mais recente perplexidade é o crescimento, no corpo desse vulcão, de uma barbatana rochosa que já atingiu cerca de 20 metros de altura. Na semana passada, técnicos do Observatório Geológico dos Estados Unidos não hesitaram em soar o alerta. “Essa barbatana pode ser o sinal de que o Santa Helena vai explodir e a erupção pode acontecer a qualquer momento”, diz o geólogo Tom Pierson. Segundo ele, é “quase inevitável” que essa barbatana afunde a cratera e provoque a explosão.

Diferentemente dos demais vulcões, que “descansam” por longo tempo entre uma erupção e outra, o Santa Helena vive a todo vapor. Em 1980 entrou em atividade e lançou nuvens de cinzas, gases e lavas que se espalharam na atmosfera num raio de 400 quilômetros. Estima-se que 24 mil animais foram extintos e sabe-se com certeza que 57 pessoas morreram. Em outubro de 2004, ele soltou vapores e cinzas num raio de 96 quilômetros, durante cinco dias. Quarenta e oito horas após a sua explosão uma misteriosa saliência apareceu em sua encosta. O que era somente uma saliência transformou-se nessa parede de magma resfriado que desafia os mais elementares princípios da física e da engenharia civil – ela cresce sem a menor sustentação.

Além do acúmulo de magma, ela é o resultado da movimentação das placas tectônicas que se encaixam como peças de quebra-cabeça a cerca de 50 quilômetros abaixo do solo. Em algumas áreas do globo, essas placas deslizam umas sobre as outras e essa “dança” gera um atrito tão forte que empurra a crosta terrestre para cima – fazendo com que ela se infle como um bolo no forno. “É nessas áreas que se formam os vulcões”, diz o pesquisador Wilson Wildner, do Serviço Geológico do Brasil. O problema é que, quando essas pranchas rochosas se movem com muita força debaixo de um vulcão, libertam o magma. “Ele sobe então para a superfície, dando início a uma erupção”, diz Wildner.

Os especialistas americanos acham que esse é o fenômeno que está acontecendo com o Santa Helena. Tanto é assim que geólogos utilizam satélites que fotografam diariamente a barbatana, seis estações sismográficas medem a intensidade dos tremores de terra e uma equipe de químicos analisa os gases que saem de pequenas aberturas da rocha. Uma operação de emergência aérea está sendo montada para retirar a população da região porque, se o Santa Helena explodir, a sua nuvem de cinzas destruirá em poucas horas o motor das aeronaves. Engenheiros do Exército já construíram uma enorme represa que funcionará como barreira para as lavas. Nos últimos dias, a barbatana tem crescido, em média, 1,5 metro a cada 24 horas. Hoje ela é o melhor sismógrafo a indicar que o Santa Helena vai explodir.
(IstoÉ, 17/05/06)

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