Nações em desenvolvimento querem que os países ricos façam mais para combater o aquecimento global
2006-05-16
Países em desenvolvimento vão pedir aos países ricos que mostrem mais liderança no combate ao aquecimento global, durante reunião entre quase 190 nações que começou nesta segunda-feira (15/05), em Bonn (Alemanha). O encontro vai expor profundas divisões sobre políticas climáticas. Será difícil que se alcance um denominador comum no diálogo entre 40 países ricos que concordaram em limitar a emissão de gases, sob o Protocolo de Kyoto, e os que ficaram de fora, como os Estados Unidos e os países em desenvolvimento.
Muitos países pobres querem que as nações industrializadas cortem ainda mais as suas emissões de gases, antes que eles considerem limitar as emissões de suas fábricas, usinas e carros. Eles afirmam que os países ricos têm sido a fonte da maior parte dos gases do efeito estufa, desde a Revolução Industrial. O Brasil, em nota antes das reunião, declarou que era muito cedo para países em desenvolvimento estabelecerem limites para a emissão de gases do efeito estufa.
Qualquer esforço para cortar as emissões por países em desenvolvimento "pode somente ser caracterizado como voluntário e, assim, não pode ser relacionado ou associado a objetivos, metas ou cronogramas", disse o governo em nota. A África do Sul afirmou querer negociar "incentivos positivos" para estimular os países em desenvolvimento a cortar emissões, incluindo ajuda financeira e novas tecnologias.
"Os países em desenvolvimento têm a visão de que vão esperar as nações industrializadas demostrararem liderança verdadeira em restringir as emissões, antes de aceitar algum compromisso", declarou Richard Kinley, chefe em exercício do secretariado das Nações Unidas sobre o tema, que coordenará as reuniões de Bonn. "No mundo industrializado há um sentimento que mais ação dos países em desenvolvimento é necessária", afirmou ele. Ainda assim, segundo Kinley, parece que há concordância que ainda não é hora para se estabelecer limites de emissão para países pobres.
Os signatários de Kyoto devem cortar as emissões de 1990 em 5,2 por cento até 2008-12. Os Estados Unidos se retiraram do tratado em 2001. Segundo Washington, cortaria empregos e excluía, de forma equivocada, os países em desenvolvimento das obrigações. Depois de dois dias de diálogo entre todos os signatários da convenção das Nações Unidas sobre clima, os países do Protocolo de Kyoto se encontrarão de 17 a 25 de maio. Eles discutirão de forma preliminar como prolongar o pacto para depois de 2012. Essa negociação deve durar anos.
(Reuters, 15/05/06)
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