GOVERNO CONFIA NAS CHUVAS E AGUARDA NOVA USINA PARA EVITAR APAGÃO
2001-10-02
Em maio, quando admitiu o risco de um colapso no setor elétrico, os técnicos projetaram limites mensais para o nível dos lagos das hidrelétricas. Nos reservatórios, a quantidade de água superou as expectativas. No domingo, 21 de setembro, no Sudeste, a região de maior consumo, o volume das barragens estava quase 20% acima do previsto. Convocada em tom de campanha cívica a economizar, a população não mostra mais o empenho dos primeiros dias. O governo também tem problemas para cumprir sua parte no trato. Montada no leito granítico do Rio Tocantins, a usina de Lajeado, a primeira hidrelétrica da era do apagão, pode não entrar em operação graças a uma disputa judicial. Batizada com o nome do deputado baiano Luís Eduardo Magalhães, falecido em 1998, foi construída em três meses. O prazo é recorde para usinas desse porte no Brasil. São 902,5 megawatts de potência, suficientes para abastecer uma cidade de 3 milhões de habitantes. A hidrelétrica anularia um quinto do déficit atual de energia do país. Com esse argumento, a Investco, construtora da usina, solicitou autorização para antecipar de dezembro para outubro a partida na primeira das cinco turbinas. O Naturatins, agência ambiental do Estado de Tocantins, concordou. O Ministério Público Federal reagiu. Acusou a Investco de atropelar procedimentos necessários para recuperar e preservar a fauna local. A liminar concedida condiciona o fechamento das comportas da barragem à solução das pendências ambientais e o vice-presidente da Investco, João Carlos Rela, diz que a empresa já entregou à justiça os documentos que comprovam o cumprimento desses encargos. A Investco marcou para 5 de outubro a inauguração da obra de R$ 1,2 bilhão - com metade financiada pelo setor público. (Época/74, 01/10)