Rio Madeira: Governo ajustará legislação para permitir negociação de energia em blocos
2006-05-15
As regras do leilão do complexo hidrelétrico do Rio Madeira (RO, 6.540
MW) terão ajustes para permitir que a energia das usinas Jirau (3.300
MW) e Santo Antônio (3.150 MW) entre no mercado de forma escalonada,
para atender ao pleito dos empreendedores. Segundo o presidente da
Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, o governo atenderá a
sugestão de contratar toda a energia em blocos.
O pleito partiu da Associação Brasileira de Produtores Independentes de
Energia Elétrica. A associação entende que a concretização de um
cenário de referência baixo pode resultar no deslocamento das usinas
licitadas no critério do maior ágio. A característica técnica das
hidrelétricas - que totalizam 88 turbinas tipo bulbo, 44 para cada usina -
resultará no acionamento de duas máquinas nos primeiros meses.
Em seguida, o cronograma prevê o acionamento de uma máquina a cada mês.
Tolmasquim explicou ainda que, em função disso, haveria dificuldade
para o empreendedor disponibilizar toda energia de cada usina num mesmo
ano. "Fisicamente, isso é impossível. Ele teria que vender 3 mil MW no
ano - e como não teria todas as máquinas acionadas - teria que comprar
esse montante (que falta) de algum lugar", sintetizou. O governo ainda
estuda a forma de leiloar as usinas. Entre as alternativas, estão a
realização de um leilão exclusivo para os empreendimentos e a negociação
em separado das outorgas.
A Apine estima um total de 5.319,6 MW de energia que poderia deixar de
ser negociada num cenário baixo. Desse total, quatro usinas com
licença de instalação - São Salvador (TO, 241 MW), Salto Pilão (SC, 181 MW),
Serra do Facão (GO, 210 MW) e Foz do Chapecó (SC, 855 MW) - somam 1.487
MW. Outras sete usinas, todas com licença prévia - totalizam 1.487,6
MW, enquanto usinas sem licença reúnem 2.345 MW, de acordo com a
associação.
Licença ambiental - Maurício Tolmasquim também disse que não vê grandes
problemas para a liberação da licença prévia do complexo hidrelétrico
do Rio Madeira (RO, 6.450 MW), cuja atribuição está a cargo do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Segundo o
executivo, a estimativa é que a licença estará liberada no início do
segundo semestre.
Para Tolmasquim, nem a greve do Ibama deve impactar no processo de
licenciamento das usinas. "Tenho percebido evolução no Ibama no que diz
respeito à liberação de licenças para hidrelétricas", afirmou. O
presidente da EPE ressaltou ainda que os impasses relativos ao gás boliviano -
que resultaram no corte de investimentos adicionais pela Petrobras -
foi um fato que atestou a necessidade de implantação de novas
hidrelétricas, como as do Rio Madeira, para reduzir ainda mais a dependência do
gás natural.
(Canal Energia, 12/05/06)