SUS já utiliza plantas medicinais
2006-05-15
Práticas com o uso de plantas medicinais, fitoterapia, homeopatia,
acupuntura, termalismo (uso de águas minerais para tratamento de saúde) e
outras terapias estão autorizadas nas unidades do Sistema Único de Saúde
(SUS). A medida, regulamentada por meio de portaria do Ministério da
Saúde leva em consideração, por exemplo, a diversidade genética vegetal
do país – estimada em 55 mil espécies catalogadas – e a ampla tradição
do uso das plantas medicinais vinculada ao conhecimento tradicional
(popular) transmitido por gerações, além da capacidade tecnológica para
validar cientificamente este conhecimento.
A uniformização dos procedimentos para a prestação desses serviços na
rede pública de saúde é o principal objetivo da Portaria 971, publicada
no último dia 4, que trata da Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS. “Ela estabelece as diretrizes para
a incorporação e implementação dessas práticas no SUS de forma a
garantir aos usuários total qualidade, eficácia, eficiência e segurança”,
explica Manoel Santos, diretor de Assistência Farmacêutica do Ministério
da Saúde.
Aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em dezembro do ano passado e
finalizada após amplo diálogo com a sociedade civil e as comunidades
médica e científica, a PNPIC define as ações e responsabilidades dos
gestores federais, estaduais e municipais na implementação desses novos
serviços no SUS e regulamenta a adequação de iniciativas que já vinham
sendo desenvolvidas em algumas regiões do país.
“A portaria contribui para a consolidação de uma política de
assistência farmacêutica ainda mais consistente”, destaca Manoel Santos. “A
inclusão dessas práticas pode ser considerada mais uma medida de prevenção
à saúde dos brasileiros e poderá representar economia de gastos na
atenção básica”, acrescenta.
De acordo com o Ministério da Saúde, a oferta desses serviços na rede
pública será monitorada pelo sistema nacional de vigilância sanitária,
que também definirá padrões de qualidades às unidades do SUS aptas a
prestar esse serviço à população.
Fitoterapia
Uma das principais medidas inseridas na Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no SUS é a “Proposta para Plantas
Medicinais e Fitoterapia”. O objetivo é ampliar as opções terapêuticas
oferecidas aos usuários do Sistema Único de Saúde com garantia de acesso a
plantas medicinais, medicamentos fitoterápicos e outros serviços
relacionados.
A expectativa é de que no próximo ano, com a possibilidade de aporte de
recursos no orçamento do Ministério da Saúde, os laboratórios públicos
do país recebam um incremento de investimentos para a produção de
medicamentos fitoterápicos.
Segundo adianta o diretor de Assistência Farmacêutica do Ministério da
Saúde, um banco de dados sobre plantas medicinais e também a Relação
Nacional de Medicamentos (Rename) em Fitoterapia estão em processo de
elaboração. A sociedade e unidades do SUS terão acesso a esses dados.
População usa as práticas tradicionais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que 80% da população dos
países em desenvolvimento utiliza práticas tradicionais nos cuidados
básicos de saúde. Deste universo, 85% utilizam plantas ou preparados.
Nesse sentido, a OMS recomenda a difusão mundial dos conhecimentos
necessários ao uso racional das plantas medicinais e medicamentos
fitoterápicos. O Brasil tem ampla tradição de uso das plantas medicinais e
tecnologia para validar cientificamente este conhecimento.
Além disso, em sua estratégia global sobre a medicina tradicional e a
medicina complementar e alternativa para os anos de 2002 a 2005, a OMS
ainda reforça o compromisso de estimular o desenvolvimento de políticas
públicas com o objetivo de inseri-las no sistema oficial de saúde dos
seus 191 estados-membros.
A íntegra da Portaria 971 pode ser obtida na internet:
http://www.in.gov.br/materias/xml/do/secao1/2117398.xml
(Folha do
Estado – MT, 14/05/06)