Revista Veja apresenta falhas da legislação nuclear brasileira
2006-05-15
O Brasil custa a convencer o mundo da segurança de seu programa nuclear.
Na semana passada, o país entrou para o clube das dez nações que
enriquecem urânio em escala comercial, graças à inauguração de uma nova
unidade da Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende, no Rio de
Janeiro. A conquista foi turvada por um desrespeito à legislação: a
fábrica entrou em operação sem um seguro para indenizar vítimas de
eventuais acidentes, o que é um requisito constitucional. As confusões
legais são freqüentes porque o órgão encarregado de desenvolver o
programa nuclear brasileiro é o mesmo que cria as normas de segurança e
fiscaliza o seu cumprimento.
Quem faz as normas de segurança: a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), que também desenvolve o programa brasileiro.
Por que o modelo é ineficiente: a lei atribui também à CNEN a tarefa de
fiscalizar, caso óbvio de conflito de interesses.
Os riscos à população: as usinas Angra I e II não têm plano de
emergência e não há controle das outras 500 mil fontes radioativas em
operação no país, como as máquinas de raio-X.
A freqüência dos acidentes: Desde o vazamento do Césio 137, em Goiânia,
em 1987, já foram registradas outras 15 ocorrências.
O que seria ideal: que existisse um órgão independente da CNEN para
fiscalizar o cumprimento das normas estabelecidas pela comissão. (Veja, 14/5)