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2006-05-12
Temores de que o vírus letal da gripe aviária iria se deslocar pela África e Europa em grupos de aves selvagens se provaram até agora infundados, mas o perigo não acabou totalmente, um grupo ambientalista holandês disse nesta quinta-feira (11/05). Especialistas do Wetlands International testaram cerca de 5 mil aves selvagens em países como Tunísia, Egito, Burkina Faso, Sudão, Senegal, Malavi e Quênia, mas não encontraram o vírus altamente patogênico H5N1, que pode ser fatal em humanos, disse Ward Hagemeijer, que estuda a doença para a organização.

Os cientistas temiam que a difusão do vírus seria acelerada com a migração de inverno das aves para a África e o Oriente Médio, e seu retorno para a Europa na primavera. "Teoricamente, ainda é possível", disse Hagemeijer, se referindo a um foco da doença na Europa. Mas, segundo ele, os riscos agora parecem pequenos.

Cientistas dizem que não sabem por que a gripe aviária não parece estar se espalhando nos pássaros selvagens tão rápido e amplamente como se temia. Enquanto especialistas dizem que estão aliviados por não ter encontrado o vírus mortal em muitas aves migratórias, os dados que coletaram são limitados e eles não estão prontos para declarar vitória contra o H5N1 em pássaros selvagens.

"É uma agulha no palheiro, e nos palheiros que olhamos, não encontramos nenhuma agulha", disse Juan Lubroth, perito em saúde animal Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, em Roma. Lubroth disse que os pesquisadores foram freados pela falta de recursos, e que sem uma maior coleção de dados no decorrer dos anos, "nós só teremos um retrato informal, e isso é uma vergonha".

Na Holanda, que fica no caminho de uma grande rota de migração de aves, mais de 13 mil pássaros selvagens foram testados desde fevereiro. Nenhum mostrou sinais do H5N1. No começo do mês, o governo atribuiu seu sucesso a medidas para controlar a propagação do vírus, e à boa sorte. O vírus apareceu em fevereiro, em cisnes e outras aves selvagens em áreas bastante dispersas da Europa, que entrou em alerta. A União Européia ordenou que as aves domésticas fossem mantidas dentro de casa para evitar o contato com gansos e outros migradores potencialmente infectados.

A UE começou a diminuir algumas restrições nas últimas semanas, mas estendeu as medidas preventivas às aves de granja próximas a águas que abrigam vida selvagem, e deltas de rios, até o final do ano. O H5N1 vem se espalhando da Ásia para África e Europa desde 2003. Pelo menos 113 pessoas morreram em decorrência da doença, que levou ao sacrifício de mais de 200 milhões de animais para prevenir o que as autoridades sanitárias alertaram que poderia ser uma pandemia letal.
(AP, 11/05/06)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mai/11/299.htm?RSS

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