Brasil quer Plano Regional na Área de Biocombustíveis
2006-05-12
Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, sugeriu aos ministros de agricultura da América Latina a criação de programas conjuntos na área de bioenergia. "O nosso interesse é que vários países do mundo produzam e consumam etanol e biodiesel como combustível. De tal forma que a gente tenha a “commoditização” desses produtos. É o que interessa ao Brasil", afirmou Rodrigues.
Ele observou que atualmente o consumo mundial de produtos agrícolas movimenta por ano US$ 780 bilhões, enquanto o consumo de petróleo gera receita anual de US$ 1,5 trilhão. Rodrigues calcula que, se 10% do consumo de petróleo for substituído por biocombustíveis, isso significaria a abertura de um mercado para o setor agrícola da ordem de US$ 150 milhões por ano. "Isso já representaria 20% do comércio agrícola mundial de hoje", comparou o ministro.
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) demonstrou interesse em criar núcleo de agroenergia para facilitar o avanço em pesquisas e investimentos na área de agroenergia.
Na América do Sul, algumas iniciativas começam a ser tomadas para acelerar a produção de biodiesel e etanol. Na Argentina, o governo aprovou no fim de abril um decreto que prevê a mistura obrigatória de 5% de biodiesel no diesel a partir de 2010, o que deve gerar uma demanda de 682 milhões de litros de biodiesel por ano.
De acordo com o representante do IICA na Argentina, Benedito Rosa, as indústrias já começam a fazer investimentos para a produção de biodiesel naquele país. As matérias-primas mais visadas têm sido soja, girassol e sebo animal (este último no caso de frigoríficos).
A expectativa inicial é que as esmagadoras de soja concentrem a produção do combustível, especialmente na região da Província de Santa Fé. Mas o governo argentino estuda medidas para incentivar também a produção entre pequenos e médios empreendedores.
O Paraguai avalia a possibilidade de elevar a sua lavoura de cana-de-açúcar para destinar parte da produção ao etanol . Carlos Santa Cruz, ministro da Agricultura e Pecuária do país, disse que a meta é elevar a área com cana-de-açúcar de 75 mil para 85 mil hectares.
Para isso, o governo paraguaio quer compartilhar informações técnicas com o governo brasileiro para a escolha das variedades mais produtivas e adaptadas à região. A Bolívia também tem projetos na área de produção de biodiesel.
No Brasil, o governo criou em parceria com o setor privado, no dia 26 de abril, o Consórcio Nacional de Agroenergia, encabeçado pela Embrapa. Com recursos iniciais de R$ 10 milhões, o consórcio terá como meta desenvolver tecnologias para elevar a rentabilidade da cana e de outras matérias-primas para bioenergia.
Entre possíveis investidores do consórcio estão Itaipu, Banco do Brasil e BNDES. Hoje, mais de 27% da energia consumida no Brasil vem da biomassa, sendo que 14% vem do etanol e da energia produzida a partir do bagaço da cana. Outros 13% vem do carvão vegetal.
(Valor Econômico, 11/05/06)