Indícios de uma crise climática planetária estão mais fortes, informa relatório do IPCC
2006-05-12
Relatório do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica crise climática planetária, mas o governo estadunidense quer enfraquecer o documento, tornando-o público antes do tempo. Para o Greenpeace, os dados revelados mostram a necessidade de urgência no combate às mudanças climáticas e o aquecimento global. A versão preliminar de um dos relatórios ainda em revisão do IPCC indica que o clima da Terra está sofrendo uma transformação dramática devido às ações humanas e que seus efeitos são muito mais sérios do que o que se imaginava.
O Greenpeace questiona a intenção do governo estadunidense em tornar o relatório público antes de sua versão final, mas, ao mesmo tempo, considera que as informações instam os governos de todo o planeta a tomarem medidas muito mais incisivas para controlar as emissões mundiais de gases de efeito estufa e evitar uma catástrofe no futuro.
O processo de revisão dos relatórios do IPCC é sigiloso, restrito aos governos e a especialistas em mudanças climáticas, até o lançamento de sua versão final. "O sigilo nessa fase de revisão tem gerado relatórios consistentes e sólidos. Expor o relatório não finalizado aos céticos da ciência indica a intenção de sabotar o processo e colocar em cheque os resultados ainda preliminares do documento, uma referência para as negociações internacionais do regime de clima da Terra", afirmou Carlos Rittl, coordenador da Campanha de Clima do Greenpeace.
Apesar disso, os novos dados evidenciam claramente que as ações humanas têm um impacto significativo sobre as mudanças climáticas e que seus efeitos são muito mais sérios do que se imaginava. "Isso coloca contra a parede todos aqueles que têm responsabilidade mas que não deram nenhuma contribuição, que não assumiram nenhum compromisso para combater o problema", acrescentou Rittl.
O Greenpeace considera que, mesmo que as informações do relatório ainda estejam sujeitas a uma ampla revisão dos governos e dos cientistas, são suficientes para tornar ainda mais urgentes a adoção de medidas imediatas para combater as mudanças climáticas. "Se todos os governos do mundo não forem muito mais efetivos nas negociações internacionais, se não assumirem compromissos muito mais profundos, o planeta poderá em poucas décadas enfrentar catástrofes de enormes proporções, com perdas de milhões de vidas humanas, extinção de milhões de espécies e perdas econômicas incalculáveis", enfatizou Rittl.
Isso impõe a necessidade de maior contribuição de todos, inclusive dos países em desenvolvimento, como o Brasil. "Devemos diminuir nossas emissões e combater o desmatamento de forma sistemática e incisiva, hoje reponsável por cerca de 75% dos gases de efeito estufa que o país emite para a atmosfera", concluiu Rittl.
(Envolverde, 11/05/06)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=17250