(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-05-12
Um maluco decidiu virar terrorista e começou a explodir bombas em Porto Alegre no início dos anos 1950, até que um químico novato da polícia técnica gaúcha descobriu o tipo de pólvora, pouco conhecida e bastante instável, que estava sendo utilizava. A partir desta informação, o criminoso foi preso. Ex-aluno do curso técnico do Júlio de Castilhos, o trabalho do jovem Flávio Lewgoy, recém formado em Química Industrial na Ufrgs, era colher indícios materiais que levassem a identificar os autores dos crimes. Após 30 anos de serviços prestados à força policial, ele olha pra trás e lembra com orgulho que foi o responsável pela prisão e soltura de muitas pessoas, mas principalmente pela criação do laboratório de química forense. Com personalidade científica, Lewgoy também especializou-se em Genética e passou a dar aulas na Ufrgs, onde trabalhou na estruturação do laboratório inicial do curso e criou, em 1990, a disciplina de Ecogenética, que hoje foi incorporada por outras matérias.

Foi em 1971 que o policial-geneticista descobriu elementos químicos muito poluentes no carvão gaúcho e passou a dar entrevistas e mais entrevistas sobre o assunto. Neste ano, estava nascendo em Porto Alegre a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, de José Lutzenberger. Três anos depois, Flávio Lewgoy reforçou os quadros da entidade com o seu olhar arguto de pesquisador. “As lutas que diziam respeito à poluição química sempre me empolgavam, pois aí eu podia dizer alguma coisa”. As lutas químicas que empolgavam Lewgoy, até hoje engajado no movimento ecológico, ajudaram a estruturar o ambientalismo gaúcho e até brasileiro. Depois das denúncias solitárias sobre a poluição do carvão veio a briga contra o cheiro de ovo podre da fábrica de celulose Borregard, em Guaíba, que depois passou a ser Riocell e agora Unidade Sul da Aracruz.

Outro momento definitivo foi o anúncio da construção de um Pólo Petroquímico águas acima de Porto Alegre no final dos anos 1970. Os resíduos tóxicos do empreendimento seriam lançados primeiro no Guaíba e depois na Lagoa dos Patos através de um tubão. A grita foi tão grande que gerou a construção de uma central de tratamento de efluentes, hoje motivo de orgulho dos petroquímicos. Foi também por esta época que restos de agrotóxicos começaram a aparecer no Guaíba. Daí nasceu em 1982, com a ajuda do policial-geneticista, a primeira legislação estadual para regular o uso dos venenos agrícolas, que acabou inspirando a legislação nacional.

- Eu não tenho uma visão sentimental do ambiente. Eu vejo o lago como um patrimônio natural. O Delta do Jacuí é um manancial para Porto Alegre. O Guaíba já estava em estado muito ruim nos anos 1970, hoje está pior. No entanto, ele ainda não é um caldo podre. Tem futuro. Rios em estado pior já foram recuperados. Eu nunca fui banhista. Mas o que me dói é ver este manancial aos poucos se convertendo em uma massa d’água que talvez um dia não tenha mais condições de uso.

Aos 80 anos, o perito policial aposentado Flávio Lewgoy ainda acompanha com grande interesse as ameaças químicas ao Guaíba. Ele participa de reuniões, estuda artigos científicos na Internet, troca informações com outros ecologistas. E alerta que a presença de organoclorados, gerados pela indústria e pela cloração da água potável, é grande no lago. Meio resignado, constata: “O crime ambiental é diferente dos outros crimes. Todo mundo sabe quem são os criminosos. Mas eles nunca vão presos”.
Por Roberto Villar Belmonte, para a edição de maio do jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul.

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -