Projetos podem ajudar a reduzir o efeito estufa
2006-05-11
Projetos desenvolvidos no Instituto do Meio Ambiente (IMA) podem auxiliar no controle da emissão de gás carbônico na atmosfera e, conseqüentemente, na redução do efeito estufa (elevação da temperatura da Terra). O professor João Marcelo Ketzer, integrante do IMA, lidera algumas pesquisas nessa área. A idéia é trazer para o Brasil e adaptar tecnologias de captura geológica de carbono, que consiste em capturar e estocar carbono no subsolo por milhares de anos. Países como Noruega, Canadá e Inglaterra desenvolvem pesquisas sobre esse tema, e empresas de petróleo realizam a atividade em caráter experimental.
Os três principais tipos de reservatórios possíveis para armazenamento geológico de CO2 são campos de petróleo maduros (reservatórios que foram explorados), aqüíferos salinos profundos (locais mar adentro onde há maior salinidade) e junto de camadas de carvão. Nos dois primeiros, o gás carbônico (CO2) pode ser armazenado como líquido devido à alta pressão, ocupando menos espaço, enquanto nas camadas de carvão na forma gasosa, sendo absorvido ou ocupando microporos livres.
Estocar CO2 pode ser vantajoso economicamente. Nos reservatórios de petróleo, além de utilizar a mesma estrutura existente, quando ele é injetado no poço, a pressão do local aumenta e faz com que o óleo ali aprisionado seja deslocado para um poço produtor, com a possibilidade de ser aproveitado. Em camadas de carvão o armazenamento do CO2 resulta na liberação de gás metano, podendo ser comercializado.
Todos os riscos desse armazenamento devem ser estudados, mas Ketzer lembra que existem reservatórios naturais de gás carbônico em alguns lugares da França, EUA e Itália, por exemplo, que armazenaram esse gás naturalmente por milhões de anos.
Para a captura existem diversos tipos de tecnologias. Dentre elas, a mais importante é o uso de membranas nas chaminés que separam o CO2 dos outros gases, liberando apenas aqueles não-nocivos ao meio ambiente.
Um dos projetos iniciados pela PUC-RS é o CarbMap1, que construirá um mapa de seqüestro de carbono no Estado para identificar as fontes emissoras e possíveis locais para armazenamento, considerando também os municípios envolvidos, a população, a movimentação econômica da atividade e empresa interessada. Um segundo projeto fará a caracterização geológica desses lugares. O objetivo é, futuramente, expandir para o resto do País.
Pretende-se em breve montar na Universidade um centro de pesquisa para estudar o armazenamento geológico.
(Revista PUC-RS, 10/05/06)