Siderúrgica EBX está confirmada para Corumbá
2006-05-11
Está confirmada a implantação da Siderúrgica EBX em Corumbá, Pantanal de Mato Grosso do Sul, no oeste do Estado. O conglomerado siderúrgico liderado pelo empresário brasileiro Eike Batista ocupará 60 hectares de área no distrito de Antônio Maria Coelho, a 40 quilômetros do centro da cidade, para a construção do parque industrial. Outros 33.800 hectares, fora da bacia pantaneira, serão usados para produção de carvão vegetal feito de eucalipto, cuja produção é de 1,18 milhão de metros cúbicos de madeira por safra.
Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, José Elias Moreira, a construção da indústria pode se iniciar em junho após aprovação, pela pasta, do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). O investimento será de US$ 75 milhões nos 16 meses de obras, e serão criados 2.600 empregos na construção e 230 na operação. Prevê-se produção de 375 mil toneladas/ano de ferro-gusa. "Acredito que até o fim deste mês ou início de junho a licença de instalação da siderúrgica será concedida à empresa."
No EIA-Rima, foram apontados 15 tipos de impactos negativos no Pantanal em decorrência do funcionamento da siderúrgica. Entre eles, estão a interferência sobre a cobertura vegetal e a fauna local, geração de ruídos, de poeira e gases, de afluentes líquidos, alterações na paisagem natural, interferências com uso e ocupação das terras, pressão no quadro da saúde pública local e alteração no cotidiano da população.
Para o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira (PT), os impactos negativos ao meio ambiente "não são bicho-de-sete-cabeças". "Há impactos, é claro, mas podem ser minimizados. A empresa mostrou que atende às normas e à legislação. Vejo perspectiva de criação de emprego e renda e a possibilidade de agregar valor ao minério produzido em nossa região."
“PARA QUÊ?”
Dezoito áreas serão desapropriadas para dar lugar à siderúrgica em Antônio Maria Coelho - um lugarejo habitado por famílias que vivem da produção rural -, e o fato está agitando o local. Um grupo de 60 pessoas sem-teto, acampadas no centro do distrito, vestiu camisetas brancas com a frase "Siderúrgica para quê?"
Segundo os empreendedores, o carvão vegetal é a principal matéria-prima - estima-se a necessidade de 216 mil toneladas/ano para atender à demanda industrial. Mas a EBX garante que não vai usar eucaliptos do Pantanal. Serão produzidas 5 milhões de mudas de eucalipto para plantio em áreas compradas ou arrendadas. Até as mudas atingirem a idade de corte, daqui a seis anos, a indústria usará carvão vegetal já produzido, sendo 70% de origem paraguaia e 30% do Brasil.
Várias organizações não-governamentais de proteção ao meio ambiente estão freqüentando o acampamento em Antônio Maria Coelho, oferecendo apoio aos sem-teto organizados. "Se a Bolívia não permitiu o uso de carvão vegetal na siderúrgica, por que nós, aqui no centro do Pantanal, com gasoduto do gás natural passando nas nossas portas, vamos permitir isso?", indagou um deles.
(O Estado de S. Paulo, 10/05/06)