(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-05-10
Em um auditório lotado da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a prefeitura de Porto Velho promoveu na última sexta-feira um debate entre o poder publico e os propositores dos empreendimentos hidrelétricos do rio Madeira. No encontro foram expostas as preocupações, resistências e ambições da população de Porto Velho que, a julgar pela presença em massa, acompanha de perto os desdobramentos do mega projeto.

O prefeito Roberto Sobrinho (PT) presidiu a mesa composta por diretores da empresas Furnas e Odebrecht, propositoras do projeto, e representantes do Ministério de Minas e Energia. Fez questão de ressaltar que aquela não era uma estratégia para esvaziar o evento da campanha “Viva Rio Madeira Vivo”, realizado paralelamente na sede do Sest/Senat, durantes os dias 4 e 5 de maio. Entretanto, lideranças locais engajadas na campanha de resistência aos empreendimentos afirmavam que o debate da prefeitura teria sido marcado na ultima hora.

A platéia foi composta por indígenas, ativistas de ONGs locais, membros do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) além de moradores comuns e a imprensa. Ao lado da mesa de expositores, ativistas do MAB sustentavam a bandeira com o lema do movimento: “Água para a vida. Não para a morte.” Todas as falas, a favor ou contra o projeto, foram seguidas de palmas e palavras de apoio ou protesto, revelando o conflito que cerca as obras.

Para MME, projetos do rio Madeira são necessidade
Coube à assessora do Ministério de Minas e Energia para o Meio Ambiente, Márcia Camargo, expor o contexto nacional em que se insere a projeto das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. “Esse projeto vem se desenvolvendo em suas diferentes etapas a cerca de 10 anos. Embora o tempo seja muito longo, a exigência é muito alta. Em termos de energia elétrica, 2010 é amanhã.”

Para a assessora, o projeto hidrelétrico do Madeira é uma necessidade, dado o aumento da demanda por energia em decorrência do crescimento econômico e populacional. Márcia salientou ainda o perfil do novo modelo do setor elétrico no Ministério, baseado na premissa de viabilidade ambiental, e a necessidade de integrar a sociedade amazônica ao Sistema Interligado Nacional.

Já o diretor de contratos da Odebrecht, José Bonifácio, concentrou-se em ressaltar os possíveis benefícios dos empreendimentos: “Com a devida qualificação, vamos dar preferência à população local na contratação para os cerca de 12 mil novos empregos diretos, com duração de 9 a 10 anos”. “Vamos injetar cerca de R$ 50 milhões por ano na economia local, o que possibilitará o incremento de serviços fundamentais”, afirma o diretor.

Contestações - Passada a palavra à platéia, o primeiro a se manifestar foi o Coordenador do Forum de Debates de Energia de Rondonia (FOREN), professor Artur Moret, que contestou a fala de José Bonifácio: “R$ 50 milhões por ano para Porto Velho, que sofrerá um aumento populacional enorme, possivelmente chegando a 500 mil habitantes, é muito pouco. Isso significa 100 reais por ano por habitantes. Não é nada". Atualmente a cidade tem cerca de 380 mil habitantes.

O professor manifestou também uma das principais preocupações dos opositores do projeto, que envolve a contaminação das águas do Madeira com mercúrio. “É provável que o mercúrio entre no lençol freático. Isso vai ser um problema porque nós temos 75% das pessoas na cidade de porto velho usando poços - este contigente vai usar água contaminada por mercúrio”, ressaltou Moret.

O mercúrio é uma substancia muito utilizada para separar o ouro em atividades de garimpo. Sua queima e conseqüente vaporização contamina o ambiente. Análises anteriores em empreendimentos hidrelétricos demonstram que, ainda que não haja atividades de garimpo na região, a própria estrutura física da barragem favorece a concentração do mercúrio e sua transformação em metil-mercurio, uma forma mais tóxica. Para a ativista Neidinha, umas das diretoras da Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé, as conseqüências das barragens ainda não estão devidamente esclarecidas: “Seria interessante que dissessem pra gente em linguagem simples, porque muitas vezes falam bonito e nós não entendemos nada, quais serão os prejuízos e os benefícios pra que a gente possa tomar uma decisão”- bradou em alto tom. Glenn Switkes, diretor de International Rivers Networks (IRN), concorda: “Eles admitem que existirão impactos ambientais e sociais, mas não explicam quais serão esses impactos”.

“Querendo ou não, o empreendimento vai acontecer”

Antenor, índio Kairitiana, buscou ser comedido: “Eu não estou interessado em só jogar pedra. Eu quero conhecer esse projeto”. A senadora pelo Estado de Rondônia, Fátima Cleide (PT), foi uma das mais enérgicas vozes favoráveis: “Hoje eu tenho a responsabilidade de governar, e por responsabilidade de governar eu entendo ter que tomar decisões que nem sempre são as mais agradáveis”, disse a senadora, confundindo suas atribuições no legislativo nacional.

Fátima Cleide protagonizou um dos momentos mais tensos da reunião quando resolveu dirigir-se aos opositores do projeto: “O fato é que a gente querendo ou não, o empreendimento vai acontecer”. Houve vaias e protestos. No fundo da platéia alguém gritou: “Vendida!”. Mas a senadora não se abalou e prosseguiu: “A diferença é que a gente aqui tem a oportunidade de debater e dizer o que a gente quer e o que não quer. Nenhuma das bandeiras que eu carreguei a minha vida toda vai tirar de mim a minha trajetória de ambientalista”, desabafou a senadora.
(Amazonia.org.br, 09/05/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -