Maus–tratos a animais silvestres da Amazônia são cada vez mais freqüentes
2006-05-10
Os maus-tratos em animais silvestres vêm se tornando cada vez mais freqüentes no Amazonas. Muitas vezes, o dono nem sabe que está maltratando o animal com alimentação inadequada ou criando cães para briga, que também são considerados atos de abuso. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dos 833 animais resgatados em 2005, 494 foram apreendidos por maus-tratos - 182 foram entregues espontaneamente e 157 levados ao Ibama ou resgatados por terem aparecido em casas próximas da floresta. As multas para esse crime variam de acordo com o tipo de delito.
“Qualquer situação em que se note algum tipo de maus-tratos deve ser denunciada”, explicou o veterinário do Ibama, Diogo César Faria. Segundo ele, colocar um cavalo para carregar muito peso também é um abuso contra o animal. “O pior caso que conheço foi de um homem que ateou fogo ao seu cachorro no interior do Paraná”, lembrou. A pena dada ao criminoso foi de oito meses de serviço comunitário.
Macacos, araras e papagaios são as espécies mais resgatadas pelos técnicos e fiscais do instituto. Quando chegam ao Ibama, apresentam desnutrição causada pela má alimentação. “Algumas pessoas alimentam esses animais com pão, leite e feijão. Elas acham que estão fazendo o certo, mas essa alimentação é totalmente inadequada”, disse.
Entre os primatas, a principal causa de doenças e mortes é a força com a qual são amarrados a cordas, provocando feridas permanentes. Também já foram recolhidos macacos e araras que se mutilaram com mordidas e bicadas, após sentirem dormência nas patas amarradas com arame.
As pessoas que entregam seus animais de forma espontânea não sofrem nenhum tipo de punição. Em seguida, ele passa pela triagem, onde é verificada sua condição física e os médicos analisam se o animal tem condição, ou não, de voltar a viver no seu habitat. Caso contrário – como geralmente acontece com felinos, por serem animais territoriais – os animais são levados para o zoológico ou criadouros.
Denúncias - A apreensão de animais que são traficados acontece quando o Ibama recebe denúncias. As equipes trabalham em portos e aeroportos para coibir a ação dos criminosos. “Não dá para precisar os preços que são comercializados, pois varia de pessoa para pessoa”, informou o médico veterinário. Uma tartaruga ou um papagaio podem custar de R$ 20 a R$ 30. Uma jibóia, vendida por um caboclo a um traficante, custa em torno de R$ 25, mas chega a ser vendida por R$ 2.000 no exterior.
Os animais mais comercializados ilegalmente são aves (papagaios, araras, galos da serra), répteis (jibóias, jararacas e cascavéis - para fabricação de soro), e primatas de pequeno porte, para serem animais de estimação, tais como sagüis e micos.
Faria revela outros atos de crueldade dos traficantes. Recentemente, foram resgatados 18 papagaios do porão de uma embarcação vinda do interior com destino a Belém. “Havia seis papagaios em cada caixa de uva. Os traficantes conseguiram fugir, mas o estado em que os papagaios foram encontrados era lastimável”, contou. Com os cuidados do Ibama, os animais sobreviveram, mas não é difícil achar casos em que os animais chegam mortos ao destino.
(Amazonas Em Tempo, 09/05/06)