Bolsa de Chicago realiza primeiro negócio de CO2 com a Europa
2006-05-10
A bolsa voluntária de carbono de Chicago, CCX - Chicago Climate Exchange, dos Estados Unidos, anunciou na quinta-feira (04/05) a execução da primeira transação que liga os sistemas de mercado de carbono da Europa e da América do Norte. A Baxter Healthcare Corp. transferiu 100 toneladas das suas "permissões" de emissão de gases do efeito estufa (GEE) do Esquema da Comércio de Emissões da União Européia (EU ETS - European Unions Emissions Trading Schene) para a sua conta na Bolsa voluntária de Chicago (CCX).
“A transferência ligou, efetivamente, dois mercados globais de emissão, demonstrando flexibilidade adicional para que as companhias, como a Baxter, atinjam os seus compromissos de redução de emissões”, declarou a CCX. A União Européia estabeleceu o seu esquema de mercado de carbono em janeiro de 2005, com o objetivo de auxiliar seus membros a atingir compromissos assumidos na ratificação do Protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas.
O Presidente Bush retirou o seu país, maior poluidor mundial, do Protocolo em 2001, alegando que este liberava erroneamente os países com rápido crescimento econômico (como China e Índia) do cumprimento de metas para a redução das emissões de GEE e que prejudicaria a economia dos Estados Unidos.
Algumas empresas dos Estados Unidos estão se juntando a planos voluntários, como a CCX, para reduzir as suas emissões de GEE, se preparando para possíveis reduções obrigatórias no futuro. Além disso, alguns estados do Leste e do Oeste do país estão tentando estabelecer pactos climáticos regionais, os quais exigiriam que as usinas de energia negociassem as suas emissões de GEE.
O desenvolvimento de um mercado de carbono mais amplo, certamente contaria com apoio político Europeu, dada a longa batalha da UE para que os Estados Unidos faça parte de ações multilaterais para reduzir as mudanças climáticas. O Ministro de Finanças da Inglaterra, Gordon Brown, disse à ONU no mês passado em Nova York, que um mercado de carbono global é o “principal objetivo” da redução das emissões dos GEE: ligando o mercado Europeu com iniciativas na América, Austrália, Canadá e Coréia do Sul, este mercado, segundo ele, criaria oportunidades econômicas.
O sistema cap and trade, primeiramente estabelece limites sobre as emissões. Se uma usina de energia ou uma indústria não consegue atingir estes limites, elas devem comprar "permissões" de outras indústrias, as quais conseguiram reduzir as suas emissões (por exemplo, através da troca de matriz energética). A Baxter reduziu as suas emissões provenientes de uma usina na Irlanda, conservando energia. Através da negociação entre os dois sistemas de mercado, a empresa está aplicando estes créditos na América do Norte, segundo a CCX.
O preço da "permissão" do CO2 equivalente Europeu é muito maior, já que os limites de emissão de carbono são obrigatórios, do que o preço na CCX. Na quinta, a"‘permissão" no EU ETS estava sendo negociada a US$18 a toneladas, enquanto na CCX este valor era de US$3.50 a tonelada. “Este é um passo para tornar estes mercados compatíveis, e comprova que as coisas funcionam”, disse o diretor de desenvolvimento de negócios da ECX - European Climate Exchange, na quinta-feira. “(Mas) economicamente, precisa fazer sentido. Valeu a pena para esta companhia (Baxter)”, disse ele, citando as diferenças entre os preços do carbono na Europa e nos Estados Unidos.
(CarbonoBrasil, 10/05/06)
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=24606