Especialistas apresentam estudos sobre aterros sanitários no Resilimp 2006
2006-05-09
Entre os assuntos que ganharão destaque no RESILIMP e ISWA Beacon Conference 2006, que acontece a partir de hoje até 12 de maio no Expo Center Norte (São Paulo), está o monitoramento de aterros sanitários. Especialistas da área vão apresentar palestras que abordam desde o acompanhamento de águas subterrâneas até os gases gerados no processo de degradação dos resíduos orgânicos. Mestre em Ciências da Engenharia Ambiental pela USP/São Carlos, a arquiteta e urbanista AdrianaAntunes Lopes abordará no dia 11, às 11h30, o tema “Monitoramento da Água Subterrânea em Aterros Sanitários”. Em sua tese de doutorado, a pesquisadora aponta os resultados de análises físico-químicas realizadas em amostras de água colhidas em aqüíferos freáticos localizados em áreas de influência de aterros sanitários do estado de São Paulo.
“Dentre as variáveis analisadas, aquelas que apresentaram variâncias significativas foram pH, cor aparente, turbidez e nitrogênio amoniacal. Também identificamos a presença de metais como ferro, manganês, cromo, zinco, chumbo e alumínio. Com isso, conclui-se que está ocorrendo percolação de chorume para o lençol freático, comprometendo assim a qualidade da água”, resume Adriana. O trabalho mostra que o monitoramento de aterros sanitários é fundamental, pois auxilia na gestão dos resíduos sólidos, prevenindo impactos ambientais.
Cláudio Mahler, coordenador do Grupo de Estudos de Tratamento de Resíduos da COPPE/UFRJ, levará para o RESILIMP a palestra “Novos/Velhos Processos de Monitoramento de Aterros Sanitários”, marcada para dia o 11, às 9h. “O monitoramento de aterros sanitários ainda é, até certo ponto, uma questão altamente negligenciada no Brasil. Operadores de aterros controlados e sanitários não costumam começar a monitorar os aterros antes de enfrentar sérios problemas, falhas ou serem obrigados por questões legais, exigência de promotores ou órgãos públicos”, argumenta Mahler, que vai apresentar três exemplos de aplicações de monitoramento largamente empregadas na Alemanha em aterros. “Uma delas compreende um modelo recente de dispositivos e procedimentos de inspeção por TV”, adianta.
Engenheiro sanitarista da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte, Cícero Antônio Antunes Catapreta vai ministrar no dia 12, às 9h40, o tema “Monitoramento Qualitativo do Biogás no Aterro Sanitário de Belo Horizonte”. Segundo o especialista, a produção de metano em aterros municipais em todo o mundo representa de 5 a 15% do metano total lançado na atmosfera. “O metano é de 20 a 25 vezes mais efetivo que o gás carbônico na absorção da energia infravermelha, contribuindo significativamente para o aumento do efeito estufa”, alerta. Catapreta vem realizando o monitoramento da geração de gases no aterro sanitário de Belo Horizonte, que tem como objetivo principal o acompanhamento do processo de decomposição da massa de resíduos sólidos urbanos aterrada, bem como auxiliar na avaliação dos impactos resultantes da operação do aterro.
Lixão de Paracambi polui solo e águas subterrâneas
A arquiteta e especialista em Geotecnia Ambiental, Adriana de Schueler vai apresentar no Resilimp o resultado de sua pesquisa que constatou que o lixão localizado no município de Paracambi, na Baixada Fluminense, gerou poluição ao solo e aos lençóis freáticos da região.
“A ausência de infra-estrutura de proteção ao meio ambiente fez com que o solo e as águas subterrâneas da região fossem contaminados. Foram identificadas altas concentrações de cádmio e amônia, acima dos valores permitidos pelo Ministério da Saúde”, explica Adriana. Outras substâncias como cromo, níquel, cobre e zinco também apareceram em grande quantidade nas amostras analisadas. “Em altas concentrações, esses metais são tóxicos. A partir do momento que o solo se contamina, toda água que por ele passar também fica comprometida”, acrescenta e pesquisadora da COPPE – Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro .
O lixão de Paracambi começou a operar em 1969. Atualmente, recebe cerca de 26,7 mil toneladas de resíduos diariamente -doméstico, comercial, entulho, varrição e poda-, oriundos de áreas urbanas do próprio município e de outras cidades da região metropolitana do Rio. Parte dos resíduos gerados pelas indústrias locais também é encaminhada para lá. “A operação de espalhamento e recobrimento é recente e irregular. Até pouco tempo, o lixo era simplesmente amontoado em grandes pilhas ou queimado a céu aberto”.
Ao contrário do que ocorre com lixões, um aterro sanitário ambientalmente correto contempla a impermeabilização de sua base, sistema de captação de chorume por drenos e cobertura para impedir que a água das chuvas se infiltre. “Para um monitoramento adequado, é fundamental a identificação dos diferentes sentidos de fluxo de água subterrânea, analisando antes e depois da passagem pelo aterro. Isso é feito por meio da implantação de poços. Outro bom indicador é o gás metano gerado na decomposição dos resíduos orgânicos”, finaliza Adriana.
(Informações da Abrelpe e UFRJ)