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2006-05-09
A Suíça será um grande parceiro do Brasil para a produção de biodisel. As instituições financeiras helvéticas teriam grande interesse na nova matriz energética. A aposta é do prof. Carlos Eduardo Valente Stempniewski, mestre em administração pela Fundação Getulio Vargas e especialista em avaliação de performance financeira. Porém, o professor destaca que os suíços não têm perfil para ser a base de distribuição do combustível brasileiro na Europa. Ou seja, o grande fator de aproximação é o investimento das empresas suíças no desenvolvimento e na produção de biodisel brasileiro.

Mais de dez anos de pesquisa
Carlos Eduardo lembra ainda que estamos iniciando uma jornada longa, pois o grande mercado consumidor deste tipo de combustível deve ser o próprio Brasil. Para o especialista, só após superarmos os problemas de produção e distribuição internos é que poderemos desenvolver uma plataforma viável de exportações em moldes competitivos. "O Brasil já vem pesquisando o biodiesel há mais de dez anos. Essas pesquisas vêm sendo realizadas em alguns centros, notadamente na região norte e nordeste, que é uma região que apresenta características climáticas mais favoráveis ao cultivo da mamona. É dessa planta que se extraí o óleo que, uma vez passando por determinados processos, adquire características iguais ao diesel" afirma ele.

Embora o nordeste brasileiro tenha condições climáticas propícias para a plantação de mamona, um dos principais elementos do biodiesel, a intenção do governo em produzir em parceria com pequenos agricultores pode ser um problema futuro.

Evitar erros do pró-álcool
Stempniewski lembra que isto já aconteceu no governo de Ernesto Geisel no programa do pró-álcool, quando foram dados uma série de incentivos para a produção deste combustível mas, mesmo assim, não tínhamos condições de atender a demanda crescente gerada no mercado interno. Por isto, o professor defende a criação de um programa nacional visando o desenvolvimento de uma base de produção que atenda a demanda nacional sem termos de enfrentar os altos e baixos que inviabilizaram o pró-alcool por anos.

"Nós estamos, na questão do biodiesel, na ante-sala de um momento histórico aonde um grande programa nacional teria que ser lançado visando a produção em escala nacional, com condições de exportar",- afirma Carlos Eduardo. O especialista afirma que é louvável a intenção de produzir o biodiesel a partir de plantações baseadas na agricultura familiar, mas com o tempo e a necessidade de atender a demanda do mercado interno, teremos o investimento estrangeiro facilitando a instalação de grandes estruturas para a produção deste combustível. Da mesma forma como foi desenvolvido o projeto do álcool.

Embora inicialmente tenhamos começado com a agricultura familiar, atualmente temos grandes complexos de produção regionais que geram milhares de empregos, mas não nas pequenas propriedades. O professor Carlos Eduardo Valente Stmpriewski acredita na parceria suíça. Carlos Eduardo Valente Stempniewski explica que o momento histórico atual se parece muito com o dos anos 70. Na época, o preço do barril do petróleo estava em alta forçando os países a buscarem novas formas de produção de energia.

"Outro fator também, que eu acho importante destacar, é o preço do barril do petróleo, que naquela época era relativamente baixo, começou a subir com a crise de 74. A alta sistemática do preço do barril do petróleo permitiu primeiro o desenvolvimento de pesquisa com o álcool, e aí motivasse o investimento de capital nessa área", relembra ele. Atualmente temos uma série de fatores internacionais que forçam a alta do preço do petróleo e novamente o Brasil está desenvolvendo uma alternativa para esta matriz energética.

O professor também afirma que após vários anos de desenvolvimento, temos hoje uma estrutura bastante sólida para a produção de álcool e que este deve ser o caminho dos projetos de biodiesel. "Segundo estimativas,O Brasil terá mais de 400 usinas de álcool em funcionamento nos próximos 3 a 4 anos", comenta Valente.

Investimento estrangeiro
Segundo ele, com essa escala há uma boa perspectiva para atender o mercado interno e também exportar para a Europa, Estados Unidos, Japão e China. Mas tudo isto só esta sendo possível graças à entrada de capital estrangeiro na área, possibilitando um grande investimento em tecnologia e qualidade.

Para o professor, o grande avanço está no fato do biodiesel ser muito mais limpo do que os combustíveis produzidos a partir do petróleo, ou seja, muito menos impactante para a atmosfera do planeta. Esta característica vai de encontro aos interesses de muitos países que pretendem diminuir a emissão de poluentes para evitar as conseqüências do efeito estufa, como previsto pelo Protocolo de Kioto. Ele finaliza dizendo que, se o Brasil conseguir desenvolver suas pesquisas na área de biodiesel e alavancar uma produção em larga escala, teremos uma boa chance de atender a esses países gerando um fluxo positivo de capitais para o país.
(Swiss Info, 08/05/06)
http://www2.swissinfo.org/spt/Swissinfo.html?siteSect=105&sid=6694528&cKey=1147085683000

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