Presa há quase três semanas, a ambientalista e engenheira agrônoma Telma Pereira Lobão, 47, está algemada há seis dias em uma enfermaria do Hospital Santo Antonio, em Salvador (BA), por decisão da Justiça.

Lobão foi detida em Cruz das Almas (142 km de Salvador), no dia 19 de abril, acusada de conclamar a população da cidade a desrespeitar as decisões das juízas Olga Guimarães e Maria Auxiliadora Leite.

"O que estão fazendo com a engenheira fere qualquer princípio de direito. Mantê-la algemada dentro de um leito hospitalar é uma excrescência", disse o advogado Romário Gomes, coordenador da comissão de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) da Bahia.

Desde que foi presa, Telma Lobão iniciou uma greve de fome --sua transferência para o Hospital Santo Antonio, administrado pelas Obras Assistenciais de Irmã Dulce, foi pedido por médicos que perceberam a sua debilidade.

"Jamais desrespeitei as decisões judiciais, só organizei uma passeata contra as duas juízas porque não concordava com algumas medidas", disse a engenheira agrônoma. Além da algema presa à cama, Lobão está sob custódia policial 24 horas por dia, segundo informações do hospital.

"Acho que ela está sendo mais vigiada do que o traficante Fernandinho Beira-Mar, que só é algemado quando é transferido de presídio", disse Romário Gomes, que já ingressou na Justiça com um pedido de habeas corpus para libertar a engenheira.
(Agência Folha, 08/05/06)