População de baixa renda sentirá os maiores impactos das mudanças climáticas
2006-05-09
As mudanças severas no clima que vem acontecendo ao redor do mundo causarão maiores desatres entre as populações pobres – é que diz o chefe do painel científico na Comissão para o Desenvolvimento Sustentável da ONU - Organização das Nações Unidas em Nova York (EUA). R.K. Pachauri, cientista do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, destacou que até agora o combate às mudanças climáticas está focado apenas em mitigar as causas do aquecimento da atmosfera da Terra.
Mas ele diz que muito mais deve ser feito para se apoiar os avanços tecnológicos – como o desenvolvimento de plantações que resistam a secas e inundações, uso menor de água e maior resistência à salinidade –que permitiriam aos pobres se adaptarem aos efeitos das mudanças climáticas. O cientista também chamou atenção para as fontes de energia. “A menos que as necessidades de energia dos pobres sejam encontradas, nós não estaremos aptos a atingir o desenvolvimento sustentável”, afirma.
Pachauri disse que a atmosfera da Terra pode aquecer de 1.4 a 5.8 oC até o final do século. E durante esse período, o nível do mar pode subir entre 9 e 88 cm. Ao mesmo tempo, ele disse, espera-se que a freqüência, intensidade e localidade dos acontecimentos extremos relacionados com o clima - como tempestades, secas e enchentes - devam mudar. “O mais pobres dos pobres possivelmente serão os mais afetados pelas conseqüência das mudanças climáticas”, enfatiza.
O IPCC está trabalhando atualmente em uma nova avaliação que, segundo ele, “deve preencher umas lacunas” no conhecimento internacional. Halldor Thorgeirsson, secretário executivo do grupo de trabalho da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU, disse que o maior desafio neste momento é influenciar decisões de investimentos que poderiam afetar o desenvolvimento e a implementação de tecnologias limpas pelo setor privado.
“A economia não está correta”, ele diz. “O custo das emissões não é carregado pelo emissor, mas sim pelo resto da humanidade”. A Comissão de Desenvolvimento Sustentável atualmente realiza uma sessão de duas semanas focada em questões relacionadas com energia, poluição do ar, desenvolvimento industrial e mudanças climáticas.
(Carbono Brasil, 08/05/06)
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