A chuva ocorrida entre domingo à noite (07/05) e ontem (08/05) no Estado pouco ou nada mudou a difícil situação dos municípios que lutam para manter a normalidade no abastecimento. Concentradas no Leste e na Serra, as precipitações não atingiram locais onde a estiagem se agrava desde o verão. E a perspectiva até a primavera não é animadora.

Atualmente, oito municípios gaúchos fazem racionamento de água. Dois deles, Bom Jesus e Pouso Novo, decretaram situação de emergência devido à falta de água para a população. De acordo com a Defesa Civil, desde o verão passado, outros 69 municípios declararam emergência por causa dos prejuízos provocados pela seca.

- As chuvas vêm sendo muito localizadas e uma reavaliação só pode ser feita quando houver precipitação nas áreas com maior déficit hídrico - afirmou o tenente-coronel da Defesa Civil, João Luiz Soares.

No final de semana, por exemplo, as regiões mais atingidas pela falta de água, Sul e Campanha, não receberam nenhuma gota de chuva. E, segundo a coordenadora da Central de Meteorologia, Cátia Valente, esta tendência de precipitações escassas e irregulares deve prosseguir pelo menos até a primavera.

- Nossa estação mais chuvosa é o outono. Mas a expectativa é de que teremos esta estação, no máximo, com chuvas na média. A tendência é de que o volume seja abaixo da média. Até a primavera, o quadro não é positivo - garantiu ela.

Esta previsão desanimadora é conseqüência do fenômeno que provoca o resfriamento das águas do Oceano Pacífico próximo à Linha do Equador, conhecido como La Niña. Ele altera a distribuição de ventos e umidade, o que muda a incidência de chuvas.

- Tivemos um verão de clima típico no Estado, que é de chuvas irregulares. Agora, o La Niña contribui para diminuir as precipitações, agravando a difícil situação de vários locais do Estado - explicou a meteorologista .

Além de Passo Fundo, choveu forte no domingo à noite no Vale do Rio Pardo. Pelo menos 15 residências foram atingidas.
(ZH, 09/05/06)