Uma grande quantidade de peixes mortos foi vista na Lagoa da Tijuca, no trecho atrás do Barrashopping, na zona oeste do Rio. O biólogo Mário Moscatelli, que acompanha o processo de degradação do sistema lagunar da região há anos, sobrevoou a área e informou que a ressaca do mar, verificada há duas semanas no Rio, fez com que o fundo da lagoa fosse mexido. Com isso, gás sulfídrico e metano foram liberados, intoxicando os peixes. A situação é agravada pelo lançamento diário de esgoto, que reduz o oxigênio disponível na água.

Moscatelli calculou que cerca de 30 toneladas de peixes, entre paratis e tilápias, além de camarões, morreram. À tarde, os peixes já não podiam ser vistos na lagoa - o vento os havia levado para dentro do mangue, explicou o biólogo. O esgoto vem da malha urbana da Baixada de Jacarepaguá, que tem tratamento precário. "Dos rios, o esgoto vai para as cinco lagoas da região, a maior parte sem tratamento. São quase oito toneladas por segundo. O cheiro de ovo podre está insuportável", disse.

De acordo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), no mês que vem as obras do emissário da Barra serão inauguradas. Quando em funcionamento, o sistema irá melhorar sensivelmente a qualidade das águas das lagoas. O investimento no programa de saneamento da região, que atenderá a 667 mil moradores dos bairros de Jacarepaguá, Barra e Recreio, é de R$ 460 milhões. O esgoto será captado, tratado e, em seguida, lançado em alto-mar. (Agência Estado, 05/05/06)